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21 dezembro, 2012

Tradição e modernidade


TRABALHO DE UMA ALUNA DO CURSO DE GEOGRAFIA DO CAMPUS DE PORTO NACIONAL/UFT APONTA PARA OS PROBLEMAS URBANOS DA CIDADE

                                                                                                          
                                                                                      

TRADIÇÃO E MODERNIDADE: A Avenida Beira Rio e a Desconstrução de Identidades Espaciais e Geográficas a partir da Destruição de Ambientes Tradicionais e Culturais em Porto Nacional – TO.

Luana Gonçalves Martins 1
Prof. Dr. Elizeu Ribeiro Lira 2



RESUMO: O presente trabalho tem por objetivo analisar as principais alterações socioculturais ocorridas no centro histórico de Porto Nacional com a construção da Usina Hidrelétrica de Lajeado. Para tanto a metodologia utilizada foi uma revisão bibliográfica e uma pesquisa de campo através de entrevistas e narrattivas de moradores antigos. Percebemos que, a tradição perdeu lugar para a modernidade com a desconstrução do espaço geográfico a partir da destruição de ambientes tradicionais e culturais ocasionados pelo reservatório da UHE, ressalta-se no trabalho uma análise da apropriação do espaço pela cultura globalizada hegemônica e suas repercussões para o cotidiano, partindo da realidade dos espaços tradicionais da cidade. O momento espaço-temporal da modernidade tem repercutido sobre o que considera-se cultura local/regional, o que vem implicar na organização espacial, já que esta é imbricada no cotidiano da sociedade. Assim, a pesquisa apresentou espaço da tradição o antigo restaurante “Tia Júlia” e como espaço da “modernidade” o restaurante Maresias – um novo prédio, propriedade dos filhos de Tia Júlia, construído com a indenização compensatória referente a destruição do velho restaurante,representando a caracterização de uma “modernidade” imposta.

Palavras-chave: Espaço geográfico, Tradição, Modernidade, Cultura.

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1 Discente do Curso de Geografia no Campus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins – UFT.
luanagm1982@hotmail.com
2 Professor do Curso de Geografia no Campus de Porto Nacional da Universidade Federal do Tocantins - UFT.





17 dezembro, 2012





KATIA ABREU, UMA “ ANTROPÓLOGA” ÀS AVESSA NO CERRADO BRASILEIRO: UM POPULISMO SEM LÓGICA E SEM RAZÃO DIANTE DE ARGUMENTOS CIENTÍFICOS SOBRE OS ÍNDIOS BRASILEIROS.
KÁTIA, A ANTROPÓLOGA, CRIADORA DA ABREUGRAFIA” Texto do Professor da UERJ José Ribamar Bessa Freire (25/11/2012 - Diário do Amazonas)
Nelson Rodrigues só se deslumbrou com "a psicóloga da PUC" porque não conheceu "a antropóloga da Folha". Mas ela existe. É a Kátia Abreu. É ela quem diz aos leitores da Folha de São Paulo, com muita autoridade, quem é índio no Brasil. É ela quem religiosamente, todos os sábados, em sua coluna, nos explica como vivem os "nossos aborígenes". É ela quem nos ensina sobre a organização social, a distribuição espacial e o modo de viver deles. Podeis obtemperar que o caderno Mercado, onde a coluna é publicada, não é lugar adequado para esse tipo de reflexão e eu vos respondo que não é pecado se aproveitar das brechas da mídia. Mesmo dentro do mercado, a autora conseguiu discorrer sobre a temática indígena, não se intimidou nem sequer diante de algo tão complexo como a estrutura de parentesco e teorizou sobre "aborigenidade", ou seja, a identidade dos "silvícolas" que constitui o foco central de sua  - digamos assim - linha de pesquisa. A maior contribuição da antropóloga da Folha talvez tenha sido justamente a recuperação que fez de categorias como "sílvicola" e "aborígene", muito usadas no período colonial, mas lamentavelmente já esquecidas por seus colegas de ofício. Desencavá-las foi um trabalho de arqueologia num sambaqui conceitual, que demonstrou, afinal, que um conceito nunca morre, permanece como a bela adormecida à espera de alguém que o desperte com um beijo. Não precisa nem reciclá-lo. Foi o que Kátia Abreu fez.Com tal ferramenta inovadora, ela estabeleceu as linhas de uma nova política indigenista, depois de fulminar e demolir aquilo que chama de "antropologia imóvel" que seria praticada pela Funai. Sua abordagem vai além do estudo sobre a relação observador-observado na pesquisa antropológica, não se limitando a ver como índios observam antropólogos, mas como quem está de fora observa os antropólogos sendo observados pelos índios. Não sei se me faço entender. Mas em inglês seria algo assim como Observing Observers Observed.
Os argonautas do Gurupi
Todo esse esforço de abstração desaguou na criação de um modelo teórico, a partir do qual Kátia Abreu sistematizou um ousado método etnográfico conhecido como abreugrafia que, nos anos 1940, não passava de um prosaico exame de raios X do tórax, uma técnica de tirar chapa radiográfica do pulmão para diagnosticar a tuberculose, mas que foi ressignificado. Hoje, abreugrafia é a descrição etnográfica feita com o método inventado por Kátia Abreu, no caso uma espécie de raio X das sociedades indígenas. Esse método de coleta e registro de dados foi empregado na elaboração dos três últimos artigos assinados pela antropóloga da Folha: Uma antropologia imóvel (17/11), A Tragédia da Funai (03/11/) e Até abuso tem limite (27/10) que bem mereciam ser editados, com outros, num livro intitulado "Os argonautas do Gurupi". São textos imperdíveis, que deviam ser leitura obrigatória de todo estudante que se inicia nos mistérios da antropologia. A etnografia refinada e apurada que daí resulta quebrou paradigmas e provocou uma ruptura epistemológica ao ponto de não-retorno. A antropóloga da Folha aplicou aqui seu método revolucionário - a abreugrafia - que substituiu o tradicional trabalho de campo, tornando caducas as contribuições de Boas e Malinowski. Até então, para estudar as microssociedades não ocidentais, o antropólogo ia conviver lá, com os nativos, tinha de "viver na lama também, comendo a mesma comida, bebendo a mesma bebida, respirando o mesmo ar" da sociedade estudada, numa convivência prolongada e profunda com ela, como em  'Lama', interpretada por Núbia Lafayette ou Maria Bethania.A abreugrafia acabou com essas presepadas. Nada de cantoria. Nada de anthropological blues. Agora, o antropólogo já não precisa se deslocar para sítios longínquos, nem viver um ano a quatro mil metros de altura, numa pequena comunidade nos Andes, comendo carne de lhama, ou se internar nas selvas amazônicas entre os huitoto, como fez um casal de amigos meus. E tem ainda uma vantagem adicional: com a abreugrafia, os antropólogos nunca mais serão observados pelos índios.Em que consiste, afinal, esse método que dispensa o trabalho de campo? É simples. Para conhecer os índios, basta tão somente pagar entrevistadores terceirizados. Foi o que fez a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que, por acaso, é presidida por Kátia Abreu. A CNA encomendou pesquisa ao Datafolha que, por acaso, pertence à empresa dona do jornal onde, por acaso, escreve Kátia. Está tudo em casa. Por acaso.
Terra à vista
Os pesquisadores contratados, sempre viajando em duplas - um homem e uma mulher - realizaram 1.222 entrevistas em 32 aldeias com cem habitantes ou mais, em todas as regiões do país. Os resultados mostram que 63% dos índios têm televisão, 37% tem aparelho de DVD, 51% geladeira, 66% fogão a gás e 36% telefone celular. "A margem de erro" - rejubila-se o Datafolha - "é de três pontos percentuais para mais ou para menos". "Eu não disse! Bem que eu dizia" - repetiu Kátia Abreu no seu último artigo, no qual gritou "terra à vista", com o tom de quem acaba de descobrir o Brasil. O acesso dos índios aos eletrodomésticos foi exibido por ela como a prova de que os "silvícolas" já estão integrados ao modo de vida urbano, ao contrário do que pretende a Funai, com sua "antropologia imóvel" que "busca eternizar os povos indígenas como primitivos e personagens simbólicos da vida simples". A antropóloga da Folha, filiada à corrente da "antropologia móvel", seja lá o que isso signifique, concluiu:
- "Nossos tupis-guaranis, por exemplo, são estudados há tanto tempo quanto os astecas e os incas, mas a ilusão de que eles, em seus sonhos e seus desejos, estão parados, não resiste a meia hora de conversa com qualquer um dos seus descendentes atuais". Antropólogos da velha guarda que persistem em fazer trabalho de campo alegam que Kátia Abreu, além de nunca ter conversado sequer um minuto com um índio, arrombou portas que já estavam abertas. Qualquer aluno de antropologia sabe que as culturas indígenas não estão congeladas, pois vivem em diálogo com as culturas do entorno. Para a velha guarda, Kátia Abreu cometeu o erro dos geocêntricos, pensando que os outros estão imóveis e ela em movimento, quando quem está parada no tempo é ela, incapaz de perceber que não é o sol que dá voltas diárias em torno da terra.
No seu artigo, a antropóloga da Folha lamenta que os índios "continuem morrendo de diarreia". Segundo ela, isso acontece, não porque os rios estejam poluídos pelo agronegócio, mas "porque seus tutores não lhes ensinaram que a água de beber deve ser fervida". Esses tutores representados pela FUNAI - escreve ela - são responsáveis por manter os índios "numa situação de extrema pobreza, como brasileiros pobres". Numa afirmação cuja margem de erro é de 3% para mais ou para menos, ela conclui que os índios não precisam de tutela. Quem precisa de tutela intelectual é Kátia Abreu - retrucam os antropólogos invejosos da velha guarda, que desconhecem a abreugrafia. Eles contestam a pobreza dos índios, citando Marshall Sahlins através de postagem feita no facebook por Eduardo Viveiros de Castro:‎"Os povos mais 'primitivos' do mundo tem poucas posses, mas eles não são pobres. Pobreza não é uma questão de se ter uma pequena quantidade de bens, nem é simplesmente uma relação entre meios e fins. A pobreza é, acima de tudo, uma relação entre pessoas. Ela é um estatuto social. Enquanto tal, a pobreza é uma invenção da civilização. Ela emergiu com a civilização..."
Miss Desmatamento
A conclusão mais importante que a antropóloga da Folha retira das pesquisas realizadas com a abreugrafia é de que os "aborígenes", já modernizados, não precisam de terras que, aliás, segundo a pesquisa, é uma preocupação secundária dos índios, evidentemente com uma margem de erro de três pontos para mais ou para menos. "Reduzir o índio à terra é o mesmo que continuar a querer e imaginá-lo nu" - escreve a antropóloga da Folha, que não quer ver o índio nu em seu território. Nem nu, nem vestido, porque quando veste roupa, para ela, deixa de ser índio, liberando assim a terra indígena para o agronegócio. - "Falar em terra é tirar o foco da realidade e justificar a inoperância do poder público. O índio hoje reclama da falta de assistência médica, de remédio, de escola, de meios e instrumentos para tirar o sustento de suas terras. Mais chão não dá a ele a dignidade que lhe é subtraída pela falta de estrutura sanitária, de capacitação técnica e até mesmo de investimentos para o cultivo". A autora sustenta que não é de terra, mas de fossas sépticas e de privadas que o índio precisa. Demarcar terras indígenas, para ela, significa aumentar os conflitos na área, porque "ocorre aí uma expropriação criminosa de terras produtivas, e o fazendeiro, desesperado, tem que abandonar a propriedade com uma mão na frente e outra atrás". Com uma margem de erro de dois dedos para cima ou de dois dedos para baixo - acrescentou o Zé Cyrino.Ficamos, então, assim combinados: os índios não precisam de terra, quem precisa são os fazendeiros, os pecuaristas e o agronegócio. Dados apresentados pela jornalista Verenilde Pereira mostram que na área Guarani Kaiowá existem 20 milhões de cabeças de gado que dispõem de 3 a 5 hectares por cabeça, enquanto cada índio não chega a ocupar um hectare. Um discípulo menor de Kátia Abreu, Luiz Felipe Pondé, também articulista da Folha, tem feito enorme esforço para acompanhar a produção intelectual de sua mestra, usando as técnicas da abreugrafia, sem sucesso, como mostra artigo por ele publicado com o título Guarani Kaiowá de boutique (9/11), onde tenta debochar da solidariedade recente aos Kaiowá que explodiu nas redes sociais. Kátia Regina de Abreu, 50 anos, empresária, pecuarista e senadora pelo Tocantins (ex-DEM,atual PSD), não é apenas antropóloga da Folha. É também psicóloga formada pela PUC de Goiás, reunindo dois perfis que deslumbrariam Nelson Rodrigues. Bartolomé De las Casas, reconhecido defensor dos índios no século XVI, contesta o discurso do cronista do rei, Gonzalo Fernandez de Oviedo, questionando sua objetividade pelo lugar que ele ocupa no sistema econômico colonial: - “Se na capa do livro de Oviedo estivesse escrito que seu autor era conquistador, explorador e matador de índios e ainda inimigo cruel deles, pouco crédito e autoridade sua história teria entre os cristãos inteligentes e sensíveis”.O que é que nós podemos escrever na capa do livro "Os Argonautas do Gurupi" de Kátia Abreu, eleita pelo movimento ambientalista como Miss Desmatamento? Que crédito e autoridade tem ela para emitir juízos sobre os índios? O que diriam os cristão inteligentes e sensíveis contemporâneos? Respostas em cartas à redação, com a margem de erro de 3% para mais ou para menos.
Katia Abreu escreve no jornal a folha de são paulo em uma coluna denominada mercado, ai etá a chave da questão, talvez ela queira tratar os indigena brasileiros como mercadoria, assim como ela (des)entende que é a terra.

07 novembro, 2012



Noticia Cultural - I
A Aluna Pesquisadora Valdina Gomes de almeida do NURBA/UFT, bolcista PIBIC/UFT  esteve entre os Congos da Comunidade Afrodescendente do Córrego Engenho que festejam as Almas Santa Benditas em todos dias 02 do mês de novembro de cada ano. A pesquisa da aluna tem como objetivo analizar o modo de vida da comunidade dando enfase as manifestações culturais de origem africanas praticadas pela comunidade em seus rituais e em seu cotidiano camponês.
O interessante observar é que quando os católicos estão acendendo velas e chorando seus mortos os congos estão festejando seus ancestrais através da dança ritmada aos sons de tambores afros num batuque que originou na Africa e que até hoje resiste como símbolo inconfundível de ancestrabilidade. O ritual tem como roteiro a saída  da Igrejinha do manguezal até o campo santo onde estão enterrados seus parentes escravos e ex-escravos, que são lembrados com cantos originais da Africa ressaltando a identidade negra da comunidade. (Lira 2012)

06 novembro, 2012


Noticia Cultural - II
O Pesquisador Prof. Dr. Elizeu Lira do NURBA/UFT,  esteve entre os Congos da Comunidade Afrodescendente do Morro de São João que festejam as Almas Santa Benditas em todos dias 02  do mês de novembro de cada ano. 
O interessante observar é que quando os católicos estão acendendo velas e chorando seus mortos os congos estão festejando seus ancestrais através da dança ritmada aos sons de tambores afros num batuque que originou na Africa e que até hoje resiste como símbolo inconfundível de ancestrabilidade. O ritual tem como roteiro a saída  da Igreja situada no centro do núcleo urbano da comunidade até o campo santo (cemitério) onde estão enterrados seus parentes escravos e ex-escravos, que são lembrados com cantos originais da Africa ressaltando a identidade negra da comunidade. (Lira 2012)

24 outubro, 2012







CARTA DA COMUNIDADE GUARANI-KAIOWÁ DE GUATEMI-MS PARA O GOVERNO E JUSTIÇA DO BRASIL-ANUNCIANDO SUICÍDIO COLETIVO.





Nós (50 homens, 50 mulheres, 70 crianças) comunidades Guarani-Kaiowá originárias de tekoha Pyelito kue/Mbrakay, vimos através desta carta apresentar a nossa situação histórica e decisão definitiva diante de despacho/ordem de nossa expulsão/despejo expressado pela Justiça Federal de Naviraí-MS, conforme o processo nº 0000032-87.2012.4.03.6006, em 29/09/2012. Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Naviraí MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. Assim, entendemos claramente que esta decisão da Justiça Federal de Naviraí MS é parte da ação de genocídio/extermínio histórico de povo indígena/nativo/autóctone do MS/Brasil, isto é, a própria ação da Justiça Federal está violentando e exterminado e as nossas vidas. Queremos deixar evidente ao Governo e Justiça Federal que por fim, já perdemos a esperança de sobreviver dignamente e sem violência em nosso território antigo, não acreditamos mais na Justiça Brasileira. A quem vamos denunciar as violências praticadas contra nossas vidas?? Para qual Justiça do Brasil?? Se a própria Justiça Federal está gerando e alimentando violências contra nós. Nós já avaliamos a nossa situação atual e concluímos que vamos morrer todos mesmo em pouco tempo, não temos e nem teremos perspectiva de vida digna e justa tanto aqui na margem do rio quanto longe daqui. Estamos aqui acampados 50 metros de rio Hovy onde já ocorreram 4 mortos, sendo 2 morreram por meio de suicídio, 2 morte em decorrência de espancamento e tortura de pistoleiros das fazendas. Moramos na margem deste rio Hovy há mais de um (01) ano, estamos sem assistência nenhuma, isolada, cercado de pistoleiros e resistimos até hoje. Comemos comida uma vez por dia. Tudo isso passamos dia-a-dia para recuperar o nosso território antigo Pyleito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Naviraí-MS.


ALGUMAS CONSIDERAÇÕES: Nós brasileiros já estamos cansado de injustiça e as vezes já até concordamos friamente com ela em nosso meio, mas essa foi muito além do sentimento de impunidade que convivemos em nosso cotidiano brasileiro. os nosso irmãos índios guarani kaiowá não, eles sempre acreditaram no estado brasileiro, pois quando o governo vargas os levou para territórios confinados e estranhos a seus costumes, acreditaram nas promessas de melhorias em suas vidas, demoraram mais de 50 anos e as promessas não aconteceram, então os  índios guarani kaiowá de mato grosso do sul, resolveram retomar seus territórios de origens, agora ocupados por fazendeiros, e ai o que é mais estranho nessa história é que a justiça brasileira ao invés de corrigir um erro gravíssimo do passado para com os guarany, entenda esse erro como a invasão dos seus territórios tradicionais, toma posições contra os índios emitindo documentos ilegítimos e injustos a favor dos fazendeiros. resta-nos fazermos algumas perguntas para todo povo brasileiro e para todos geógrafos ,antropólogos, historiadores, cientistas sociais e outros profissionais afins:
ONDE ESTÁ A FUNAI ???
ONDE ESTÁ A CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA ???
ONDE ESTÁ A FRENTE PARLAMENTAR DAS CAUSAS INDÍGENAS ???
ONDE ESTÁ A IGREJA CATÓLICA- CIMI ???
ONDE ESTÃO OS PARTIDOS QUE SE DIZEM DE ESQUERDA ???
A QUEM SERVE A JUSTIÇA FEDERAL DE NAVIRAÍ-MS ???
ONDE ESTÁ A AGB NACIONAL E LOCAL ???
ONDE ESTAMOS TODOS NÓS ???
Vamos ficar mais uma vez de braços cruzados e depois da tragédia ficarmos lamentando anos afio, sobre mais uma catástrofe nacional/mundial vitimando nossos irmãos índios, nesse momento, os guarany de MS depois não sabemos quais.
Quero alertar (....) massacre sobre nações indígenas  não servem mais como temas para pesquisas, acadêmicas ou não, isso sim, servem como grito de alerta a uma nação adormecida nos braços de uma justiça que se sente muito bem em praticar injustiças aos povos tradicionais espalhados pelo território da “Nação Brazilis”

( Elizeu Lira  2012 )



15 outubro, 2012

Oração da Santa Parecença

Versos do poeta Célio Pedreira...

O sertão é a criança mais parecida de Jesus
deserta-se quando fica só
alegra na chuvinha impetuosa
e chama os amigos para comer manga comum.

12.10.2012

10 outubro, 2012

TESSITURAS DO ROSTO

                                                                                                      

TESSITURAS DO ROSTO

Eguimar Felício Chaveiro-UFG

Em conversa com amigos e colegas de trabalho; e também por meio de leituras de autores que tratam o assunto; a inclusão de notas de observações em procedimentos de reuniões de Institutos da Universidade, tenho sintetizado que as INSTITUIÇÕES BUROCRATIZADAS CONTEMPORÂNEAS, especialmente a Universidade, onde trabalho, internalizam o que DELEUZE chama A DOENÇA DO MUNDO.
O pior é que o grau exacerbado da burocratização institucional ao contemplar o desejo de fuga de muitos sujeitos estilhaçados em suas trajetórias, municia o mesmo nível de uma vida burocratizada desses sujeitos. Ao se encastelarem na visão burocrática da vida, no sotaque de um humor desperene e instável, tal como o sistema financeirizado da economia mundial, da rede de fluxos de mercadorias e símbolos, do desemprego estrutural, da absolescência construída de aparatos tecnológicos, esses sujeitos gastam a sua inteligência, o seu tempo e a sua argúcia criativa em nome de uma vontade de domínio dos pequenos grupos. A sua fragmentação torna-se governo do espírito coletivo dos grupos, caso não seja combatida. O desejo de controlar toda a vida administrativa das instituições ultrapassa o limite de papéis como normas, regimentos, resoluções - textos requisitados por esta administração burocratizada da existência - e chega ao campo perigoso da vontade de domínio da subjetividade dos grupos, das densas trajetórias de cada colega, desperdiçando, quase sempre, o encontro com o diferente, com o diverso, mesmo que, burocraticamente, nutram desses signos para a sua triste vida magoada. Investidos na trama burocrática adoecem, tornam-se reféns de uma solidão, perdem o pendor insurgente e a ternura. Sei que a operação não é dual: não há de cá os bons, os puros, os que fogem das cenas sociais impostas pelo mundo; e de lá os burocratas adoecidos, os vampiros de humor. Todos pertencemos ao tempo - e às suas flechas. Todavia, com base nesta interpretação, tento agir para desburocratizar a vida acadêmica e fazê-la com responsabilidade e disciplina; tento agir para criar vida na vida, para enternecer as atividades, transformando-as em atos de circulação de uma vontade-de-estar-junto. E de uma disposição para a aprendizagem coletiva. Daí penso que devo desconfiar dos títulos, dos currículos, do poder que emana de nosso lugar na vida acadêmica. O que é essencial é a produção do sentido pedagógico, o seu rumo diante dos conflitos sociais de nosso tempo. Em função disso, tento fazer política com o rosto. Importa-me apresentar um rosto acolhedor, agradável, simples como se, enfeixado por signos do tempo e da minha vida, colocasse o meu invisível na filigrana de cada poro; destampado e convidativo fosse uma peça para um começo de diálogo respeitoso, desburocratizado. Território do suor poder-se-ia se transformar em terra para fecundar afetos e saberes. Paisagem de minha raiz, transformaria em usina de gestos para um passeio intenso e leve nos lugares. Na tessitura simples do rosto, a expressão da minha coragem para enfrentar a vida burocrática.

08 outubro, 2012

 PROJETO SOBRE AS LIGAS CAMPONESAS NA REGIÃO DE DIANÓPOLIS, QUE RESSALTA A FIGURA DO CAMPONÊS REVOLUCIONÁRIO CLODOMIR DE MORAIS FOI HOMOLOGADO PARA BOLSA DE PESQUISA PERMANÊNCIA NO CURSO DE GEOGRAFIA NO CAMPUS DE PORTO NACIONAL

TÍTULO DO PROJETO DE PESQUISA:  "AS LUTAS PELA REFORMA AGRÁRIA NO ANTIGO NORTE GOIANO, ATUAL ESTADO DO TOCANTINS: O CASO DAS LIGAS CAMPONESAS EM DIANÓPOLIS-TO"
ORIENTADOR (A) DO PROJETO: Prof. Dr. Elizeu Ribeiro Lira
NOME DO ALUNO: Saimon Lima de Britto
CAMPUS: Campus de Porto Nacional
CURSO: Geografia
LOCAL DE EXECUÇÃO: Região de Dianópolis – TO
GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO: Ciências Humanas, soc.aplicadas e letras
FONTES DE FINANCIAMENTO: 1 PROCAD/CASADINHO UFT/UFG 2 / PETROBRAS/EFA/ UFT
NOME DO GRUPO DE PESQUISA: NURBA (Núcleo de Estudos Urbanos, Regionais e Agrários)
PALAVRAS CHAVE: Movimentos sociais, reforma agrária, ligas camponesas.
EQUIPE EXECUTORA: Profº. Dr. Elizeu Ribeiro Lira e o Acadêmico Saimon Lima de Britto
INTRODUÇÃO
As Ligas Camponesas foram associações de trabalhadores rurais criadas inicialmente no estado de Pernambuco, posteriormente na Paraíba, no estado do Rio.de Janeiro, Goiás e em outras regiões do Brasil, que exerceram intensa atividade no período que se estendeu de 1955 até o advento do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart em 1964.
O movimento que se tornou nacionalmente conhecido como Ligas Camponesas iniciou-se, de fato, no engenho Galiléia, em Vitória de Santo Antão, nos limites da região do Agreste com a Zona da Mata de Pernambuco. A propriedade congregava 140 famílias de foreiros nos quinhentos hectares de terra do engenho que estava de "fogo morto". O movimento foi criado no dia 1º. de janeiro de 1955 e autodenominou-se Sociedade Agrícola e Pecuária de Plantadores de Pernambuco (SAPPP). Coube a setores conservadores, na imprensa e na Assembleia, batizar a sociedade de "liga", temerosos de que ela fosse a reedição de outras ligas que, em período recente (1945-1947), haviam proliferado abertamente na periferia do Recife e nas cidades satélites, sob a influencia do Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB). De fato, o movimento de Galiléia parece ter recebido influencia desses antigos núcleos, geograficamente próximos, sobretudo através de José dos Prazeres, dirigente da antiga Liga de Iputinga, nos arredores de Recife.( MORAIS, 1997)
A partir de 1959 as Ligas Camponesas se expandiram também rapidamente em outros estados, como a Paraíba e Goiás, este ultimo objeto de nossa pesquisa, aumentando o impacto político do movimento. Dentre esses núcleos, o mais importante foi o de Sapé, na Paraíba, o mais expressivo e o maior de todos. A expansão da Liga de Sapé se acelerou a partir de 1962, quando foi assassinado seu principal líder, João Pedro Teixeira, a mando do proprietário local. Pouco depois esse núcleo congregaria cerca de dez mil membros, enquanto outros núcleos iriam se espalhar pelos municípios limítrofes. Acompanhando o ritmo de expansão dos núcleos das ligas camponesas e a partir de uma dissidência interna surge o núcleo das ligas em Dianópolis-TO em função de sua aproximação geográfica com os sertões da Bahia.
No plano das lutas pela reforma agrária em Goiás organizadas pelas ligas, o maior destaque coube à liderança de Clodomir de Morais, que aglutinou junto ao movimento em torno de seu nome e de sua figura, reunindo estudantes, idealistas, visionários, alguns intelectuais, além de alguns camponeses que formaram o núcleo das ligas camponesas em Dianópolis com o intuito de organizar grupos armados na luta revolucionária contra o estado burguês. Sendo ele Clodomir de Morais, advogado, deputado, ex-militante comunista e um dos fundadores das ligas camponesas no Nordeste utilizou sua experiência e seu sentimento revolucionário para organizar esse até então
desconhecido movimento de guerrilha sediado em Dianópolis, em Goiás (1963).
JUSTIFICATIVA
O presente estudo tem como principal objetivo revelar as condições sócio-territóriais em que se travavam as lutas pela reforma agrária no antigo Norte de Goiás, tendo como principal enfoque a análise do cenário político no país e em Goiás que possibilitou a interiorização de núcleos revolucionários das ligas camponesas para a região da cidade de Dianópolis-GO/TO.
OBJETIVO GERAL
Compreender o processo de interiorização das ligas camponesas, como proposta de organização do grupo revolucionário; em resistência ao Estado burguês.
ESPECÍFICOS
1- Compreender as causas das dissidências internas das ligas camponesas em Pernambuco a partir da liderança de Clodomir Morais.
2- Compreender qual o cenário político no antigo Norte Goiano em que se estabeleceram as ligas.
3- Analisar o legado das ligas camponesas nos processos de lutas da reforma agrária no atual Estado do Tocantins.
METODOLOGIA
Os procedimentos metodológicos serão baseados em análises históricas dos fenômenos sócio-territoriais desencadeados no município de Dianópolis-TO em função da organização das lutas pela reforma agrária sobre liderança das ligas camponesas que se estabeleceram na região em agosto de 1962 no município de Dianópolis no antigo Norte Goiano. Esses estudos serão orientados pelos referenciais teóricos contidos em materiais bibliográficos específicos.
A materialidade dos acontecimentos supracitados será observada a partir de trabalhos de campo, através dos quais serão estruturadas entrevistas e aplicação de questionários para coleta de dados referente aos processos de lutas organizados pelos camponeses. Os estudos relacionados à interiorização das ligas camponesas para a região de Dianópolis-TO serão realizadas através de observações sistemáticas in lócus com auxílio de equipamentos fonográficos e áudio visuais, referenciado teoricamente pela literatura específica, isto é, um levantamento bibliográfico que trata do tema das lutas camponesas no Brasil.
Para identificar os sinais de lutas camponesas armadas ou não pela reforma agrária que explique uma nova territórialização dos movimentos camponeses em Goiás e em especial na região de Dianópolis-TO, serão realizados levantamentos documentais em cartórios, jornais e paróquias da região por meio de solicitações formais e informais junto a tais órgãos para avaliar a extensão do conflito agrário na referida região.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AZEVEDO, Fernando Antônio. As Ligas Camponesas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982.
COSTA, Cléria Botêlho da. Posseiros e política - Goiás nos anos '60 Rev. hist. n.134 São Paulo jun. 1996.
Geografia, 10, 1974, pp.227-300.
GRZYBOWSKI, Cândido. Caminhos e Descaminhos dos Movimentos Sociais no Brasil. Rio de Janeiro, Vozes, 1987.
MARTINS, José de Sousa. Capitalismo e Tradicionalismo. São Paulo, Pioneira, 1975.
__________. A Militarização da Questão Agrária no Brasil. Rio de Janeiro, Vozes, 1984.
__________. Camponeses e Política no Brasil. Rio de Janeiro. Vozes, 1986.
__________. Expropriação e Violência. São Paulo, Hucitec, 1989.
__________. O Cativeiro da Terra. São Paulo: Hucitec, 2004.
MORAIS, Clodomir Santos de. Historia das ligas Camponesas do Brasil. Brasília, D.F.: IATTERMUND, 1997.
_________. A Marcha dos Camponeses Rumo À Cidade. Rondônia, Ed. Edufro, 2002.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A Geografia das Lutas no Campo. São Paulo: Contexto 1989.
OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. Modo Capitalista de Produção e Agricultura. São Paulo: Ática, 1987.
OLIVEIRA, Francisco de."A Economia Brasileira: Crítica da Razão Dualista". Seleções CEBRAP, 1, 1975, pp.25-32."1º Congresso Operário-Estudantil-Camponês". Revista Brasiliense, 44, 1965, pp. 10-20.
WAIBEL, Leo."Unia Viagem de Reconhecimento ao Sul do Goiás". Revista Brasileirai

PLANO DE TRABALHO INDIVIDUALIZADO
A pesquisa será realizada em três eixos de orientação: uma revisão bibliográfica; um levantamento de documentos oficiais; e os trabalhos de campo.
A revisão bibliográfica será realizada no início, no desenvolvimento e na conclusão da pesquisa, para isso é necessário construir uma dinâmica de catalogação de obras literárias que tratam o tema da pesquisa no passado, no presente e numa perspectiva para o futuro. Isto é o referencial teórico utilizado deverá fornecer-nos condição de analisar o objeto de pesquisa. A pesquisa sobre documentos cartoriais, jornais e paroquiais servirá para identificar os sinais de lutas camponesas armadas ou não pela reforma agrária que explique uma nova territórialização dos movimentos camponeses em Goiás e em especial na região de Dianópolis-TO. Finalmente os trabalhos de campo, serão realizados na região de Dianópolis-TO e no interior da Bahia, onde serão feitas entrevistas, aplicados questionários, levantamentos fotográficos e filmagens temáticas sobre a historia dos camponeses protagonistas da luta pela reforma agrária na região da pesquisa.
Temos consciência que as etapas definidas da pesquisa não devem ser realizadas separadas umas das outras, pois elas só terão sentido se em suas execuções consigam passar resultados que nos permitam uma análise/síntese dos fenômenos sócio-territoriais que é o objeto da pesquisa. Isto significa que as análises históricas/teóricas e práticas serão partes indispensáveis da pesquisa.

18 setembro, 2012

80 famílias serão assentadas no TO


Por Messias Barbosa, da Página do MST

Após 11 anos de luta e resistência, ao passarem por ocupações, despejos, montando e desmontando acampamentos em diversas localidades da região norte estado do Tocantins, as 13 famílias do acampamento Maria Trindade, no município de Luzinópolis, junto com outras 70 do acampamento Bom Jesus, do município de Muricilândia, que há 5 anos também estavam na mesma luta, serão finalmente assentadas.

Na última sexta-feira (24), estas famílias puderam comemorar a imissão de posse da Fazenda Volta Grande, localizada no município de Muricilândia e Araguaina, onde serão assentadas. Segundo o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a Fazenda Volta Grande tem uma área de 2.902 hectares com capacidade de abrigar 90 famílias.

Além das próprias famílias que serão assentadas e os dirigentes do Movimento, também participaram do ato da imissão de posse o chefe da unidade avançada do Incra de Araguaina, Gilmar Alves de Castro, técnicos do órgão federal e o oficial de Justiça que foi até a fazenda para imitir a posse.

Histórico
O acampamento Maria Trindade chegou a ter mais de 70 famílias. O início da luta pela terra se deu em 2001 com a realização de três ocupações, cujo desfecho culminou num violento despejo. A partir de 2008 essas famílias passaram a viver acampadas na beira da estrada, na Rodovia Transamazônica, e em área cedida por amigos. 

Já o acampamento Bom Jesus iniciou seu processo de luta em 2007, ao realizarem duas ocupações que também desencadearam em despejos. As famílias que chegaram a ser mais de 120 passaram a viver acampadas, em 2008, na beira da Rodovia TO-222 e em área cedida por amigos.

Assentamento Manoel Alves Bié
Manoel Alves Bié foi o nome escolhido pelas famílias para o novo assentamento. O nome homenageia o companheiro que cedeu parte de sua propriedade às famílias do acampamento Bom Jesus para se instalarem no momento mais difícil do processo de luta.

Esse companheiro camponês solidário à luta dos Sem Terra faleceu no mês de abril de 2010 em plena mobilização e ação do MST no estado, quando estavam acontecendo ocupações de latifúndios e de órgãos públicos e marcha.

24 agosto, 2012

Refletindo sobre o óbvio

Reflexões do músico, poeta e cantador Elizeu Lira, sobre o mais novo livro RAIMUNDO do poeta portuense Célio Pedreira

Um livro de poesia é sempre uma navalha cortante
Corta nossa carne lírica, nossa alma poética.
E nossa religião solidária
Nos deixas perdidos num beco, de lagos imundos e  jalapões transviados, sem saída.
Essa noviça obra do poeta Célio Pedreira confirma e consolida essa trépida sensação de
Mergulho e amplidão; de companhia distante e solidão próxima; de perfume púrpura e amargo fel.
Esse é um exercício necessário de quem ler Pedreira de maneira costumeira.
Enfim um livro de poema intitulado RAIMUNDO, começando com “Carta para o Dia das Intenções” e terminando com “Rapadura” fica decretado, que precisamos mais que urgente folheá-lo com mãos atando linhas de horizontes, sossegando um tecido de dores idas, para indagar doces esperas.

Porto Nacional, julho, mês dos primeiros cajus.

08 agosto, 2012

Novas UCs enfrentam burocracia e família Abreu

Leilane Marinho, da pagina O ECO
Ao todo, 9 milhões de reais destinados à conservação de um dos biomas mais ameaçados no planeta, o Cerrado, poderão escorrer pelo ralo no Tocantins. O recurso é destinado ao Projeto Cerrado Sustentável, do Fundo Mundial para o Meio Ambiente, financiado pelo próprio Fundo e pelo Banco Mundial, que prevê a criação 250 mil hectares de Unidades de Conservação de proteção integral até 2013. A verba está disponível, mas a morosidade do poder público e adversários políticos do projeto ameaçam a conservação de porções ideais do bioma para a biodiversidade.

Em 2005, estudos apontaram 3 áreas como prioritárias para a conservação no estado: Serra da Cangalha, com 16,8 mil hectares, Interflúvio Tocantins-Paranã, com 105,4 mil hectares, e Vale do Rio Palmeiras, de 20 mil hectares. O objetivo do Fundo Mundial para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês Global Environment Facility) é criar novas Unidades de Conservação nessas áreas, mas, além da lentidão usual da burocracia brasileira, outro fator também atrasa o projeto: aliados políticos do atual governo estão fazendo oposição às unidades. Na linha de frente, a senadora Kátia Abreu e seu filho, o deputado federal Irajá Abreu, pressionam o governador Siqueira Campos para deter o processo, especialmente nas áreas do Interflúvio e do Vale do Rio Palmeiras.

Conhecedor das áreas, o ornitólogo Túlio Dornas está preocupado com o prazo e o contexto político. Ele diz que a falta de agilidade é fruto do desinteresse do poder público. “As pessoas que estão trabalhando no processo reclamam da falta de apoio do governo estadual”, relata Dornas.

Procurado pelo ((o))eco, o secretário de meio ambiente e desenvolvimento sustentável do Estado, Divaldo Rezende, disse que o governo do estado está “consciente do compromisso assumido com o Banco Mundial” e acredita que não haverá empecilho para que os projetos sejam concluídos.  Entretanto, das 3 Unidades de Conservação previstas, a única que está com o processo adiantado é a de Serra da Cangalha, que será criada com o objetivo de preservar sítios naturais raros.

Mãe e filho questionam UCs
Em abril, o deputado Irajá Abreu encaminhou ofício ao governador solicitando que “não sejam criadas novas Unidades de Conservação Ambiental estaduais e federais no Estado”. No documento, ele justifica que o Tocantins já possui 50% das suas áreas protegidas, apoiado por uma tabela de números anexada, que demonstra esse cálculo através da inclusão de áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. Porém, falha em dizer que Unidades de Conservação de proteção integral cumprem exigências mais rigorosas de conservação.

No mesmo mês, Kátia Abreu enviou requerimento à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, solicitando o cronograma de instalação das futuras unidades de conservação federais e a descrição detalhada dos perímetros de suas áreas. O ICMbio tem 5 projetos de Unidades de Conservação para o Tocantins, sendo uma delas o Vale do Rio Palmeiras, que também é uma proposta estadual. No mesmo texto, a senadora argumentou que as unidades prejudicariam o agronegócio, pois parte das terras agricultáveis do estado seriam atingidas.

Procurado pelo ((o))eco, Irajá de Abreu, através de nota, reiterou o raciocínio e deu um número diferente. Segundo ele, a posição que defendeu junto ao governador é decorrência dos 61% (e não os 50% colocados no ofício) de terras do Tocantins já serem protegidas pela legislação ambiental, “razão pela qual não há necessidade de se criar novas áreas, ainda mais sem a previsão orçamentária para indenizar as eventuais desapropriações”.

Neste ponto, Irajá tem o apoio de Divaldo Rezende. “Ele não está errado. Como vamos criar UCs sem orçamento pra comprar as terras?”, disse o secretário. Entretanto, Rezende acredita que ainda há tempo hábil para conciliar a criação das novas Unidades de Conservação com o prazo dos financiamentos internacionais, mesmo que o orçamento não seja aprovado este ano.

Região não serve para o agronegócio
O total de áreas de proteção integral no Tocantins é bem diferente da conta do deputado Irajá. A parcela de áreas estaduais é de 290 mil hectares, ou 1,05% da área do estado, englobando os parques de Jalapão, Cantão e Lajeado, além do Monumento Natural de Árvores Fossilizadas. As áreas de proteção integral federais somam outros 2 milhões de hectares, ou 7,2% do Tocantins e incluem o Parque Nacional do Araguaia, Parque Nacional Nascentes do Rio Parnaíba e a Estação Ecológica Serra Geral. Dessa forma, o total de áreas de proteção integral do estado é de 8,25%. A adição de 140 mil hectares desses novos parques, equivalente a 0,5% do Tocantins, elevaria esse número para 8,75%.

De acordo com o biólogo Túlio Dornas, os argumentos de Kátia Abreu também não procedem. Tanto no Vale do Rio Palmeiras quanto em Paranã as terras são inadequadas para atividades agrícolas. No Vale, o solo tem alto teor de calcário, ruim para plantações.

Em Paranã, além das fortes secas, uma formação rochosa a mais de 1.000 metros de altitude, caracterizada de Cerrado Rupestre, também torna a região imprópria. Porém, a região é rica em manganês, o que excita outros interesses. “Existem pessoas sondando manganês em Paranã. Com o estabelecimento da ferrovia Leste-Oeste, há o interesse por instalar indústrias dessa matéria prima, já que teria escoamento pelo Maranhão e Bahia”, conta Dornas.

Em maio, fiscais do Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins) apreenderam pela segunda vez este ano duas retroescavadeiras extraindo manganês irregularmente na Serra do Mocambo. Silemon Bento França, fiscal do órgão, conta que as extrações sem licença são frequentes. “É comum termos esse tipo de denúncia aqui, a serra já está toda cavada”, declara.

Prioridade esquecida
No Vale do Rio Palmeiras e no Interflúvio Tocantins-Paranã, encontra-se os últimos remanescentes no Brasil da Floresta Estacional Decidual, mais conhecida como Matas Secas. Nesse tipo de vegetação, as árvores podem atingir uma altura superior a 25 metros. Suas copas são abrigo de vários pássaros, entre eles, o ameaçado periquito tiriba de pfrimeri (Pyhrrua pfrimeri). Estima-se, sua população nativa caiu em 50 anos para um quinto da original, devido ao desmatamento.

“Essa espécie assim como outras associadas às Matas Secas não são protegidas por nenhuma Unidade de Conservação no Tocantins”, conta Tulio Dornas, que estuda o pfrimeri com um grupo de pesquisadores das universidades federais do Tocantins e Goiás, em parceria com a SAVE- Brasil e apoio da Fundação O Boticário.

“O Vale do Palmeiras já foi muito impactado pela pecuária e pela construção de hidrelétricas. É um habitat frágil do ponto de vista de vulnerabilidade à erosão e mudanças climáticas”, conta Fabio Olmos, biólogo e colunista do ((o))eco. Olmos participou de pesquisas que avaliaram a biodiversidade da região sudeste do Tocantins. Ele conta que a única unidade de conservação de proteção integral das Matas Secas é o Parque Estadual Terra Ronca, em Goiás, e, como essa vegetação já foi quase extinta, as novas Unidades de Conservação aumentariam as chances de evitar seu desaparecimento.

Especialista em ecologia de aves da Universidade Federal do Tocantins (UFT), Renato Pinheiro participou de consultorias para a criação das Unidades de Conservação. Ele ressalta que, através do Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira (Probio/MMA), o Ministério do Meio Ambiente classificou a região sudeste do Tocantins como prioridade “alta e muito alta”. No entanto, nem mesmo a consideração do ministério colocou as Unidades de Conservação entre as ações prioritárias do governo tocantinense.

“As razões para essa classificação do MMA são baseadas nos diversos atributos naturais da região, como formações de valor cênico, abundância de recursos hídricos e uma elevada diversidade biológica”, explica Renato, completando: “Somado a isso, há ainda no projeto das duas Unidades de Conservação a presença de áreas com dimensões suficientes para a manutenção de populações em longo prazo e condições adequadas para manutenção de Cerrado”.

Paranã está na lista dos que mais desmataram
Em março deste ano, o Ministério do Meio Ambiente divulgou lista com os municípios que mais desmataram o Cerrado. Paranã, município onde fica  Interflúvio Tocantins-Paranã, aparecem entre os 9 citados no Tocantins.

Nas Avaliações Ecológica Rápidas (AERs), há relatos de que nesta área encontra-se  árvores raras com maior número de espécies de importância econômica, como o angico (Anadenanthera macrocarpa), ipê-amarelo (Tabebia alba) e o ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), taipoca (Tabebuia roseo-alba), aroeira (Miracrodruon urundeuva), jatobá (Hymenaea stigonocarpa) e o timbó (Magonia pubescens).

Segundo Olmos, as florestas que sobraram continuam sendo exploradas pela madeira. “Aroeiras costumavam ser comuns mas foram exterminadas. O gado solto nas florestas que restam impede o recrutamento das árvores”, diz.

Outra ameaça apontada pelos estudos complementares das Unidades de Conservação foram as extensas derrubadas de árvores para produção de carvão. Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, os baixos preços das propriedades têm favorecido a aquisição de terras apenas para a instalação de carvoarias.

Corredor ecológico
Formado pelo triângulo compreendido pelos rios Paranã e Tocantins, o Interflúvio faz fronteira com o Goiás e destaca-se por ser uma área bastante singular, com grande possibilidade de se conectar com o Parque Nacional Chapada dos Veadeiros e outras Unidades de Conservação, criando um mosaico protegido viável.

Dentro de uma perspectiva ecorregional, a UC Interflúvio Tocantins – Paranã seria uma área chave para a formação do Corredor Paranã- Pirineus, o único totalmente no Cerrado. Com ele, o vale do rio Paranã seria conectado à região de Pirenópolis e as nascentes dos rios das Almas e Corumbá. “Essa questão é importante, porque boa parte das áreas protegidas do Cerrado é pequena e isolada demais”, ressalta Fábio Olmos.

"A humanidade se dilui no shopping"

Por Virgínia Fontes*

Há duas vertentes críticas para pensar as transformações culturais e os valores imperantes nas últimas décadas, e elas são complementares. A primeira vertente aborda o aspecto profundo – e, portanto, mais imediatamente incômodo e gritante – que foi a imposição de extensos processos de expropriação (terra, direitos sociais, direitos trabalhistas, sementes, etc.), acoplada a uma gigantesca concentração de riqueza em todo o mundo (e o Brasil não foi exceção, com seus muitos milionários).

As privatizações dos serviços públicos foram acompanhadas pela expansão de empresas privadas de saúde, de educação, previdência e outras, além da generalização de formas de contratação de trabalhadores com escasso futuro. As enormes demissões dos anos 90 intimidaram os que mantêm seus empregos. Assim como os demais trabalhadores, os temporários, bolsistas, precarizados de múltiplas formas, terceirizados (que sabem que seus contratos assinados em carteira não embutem carreiras), PJs, etc., contam com escassa segurança para o futuro.

Para o grande capital, em ritmo alucinado, trata-se de capturar o mais rápido possível as exacerbadas (e longamente contidas) necessidades de extensas parcelas da população, e a massiva propaganda midiática é sua arma ideológica.

Os vínculos mais ou menos precários de trabalho e vida não impedem o acesso a crediários e empréstimos a cada dia mais imediatos e fáceis. Precisamos comprar o máximo o mais rápido possível, antes que ocorra a próxima reviravolta ou a demissão. Juntam-se duas pontas do drama: os que precisam de muitas coisas mas sabem de suas limitações encontram os que precisam vender muito, em escala crescente, e de qualquer forma. Instala-se uma espiral na qual os valores humanos esfumam-se nos preços, nas reluzentes prateleiras, nos aparelhos tornados infernalmente necessários mas descartáveis. Comprar se torna urgente, angustiante, fictício, estimulante e anestésico. Urgente, pois precisamos suprir necessidades reais, em geral fora de alcance do bolso.

Angustiante, uma vez que a exacerbação da oferta e das propagandas (atingindo principalmente as crianças) é impossível de ser saciada. Comprar se torna solução fictícia porém estimulante: a impotência frente aos problemas efetivos parece diluir-se na compra de substitutivos (em lugar da saúde, o tranquilizante; em lugar do alimento, a comida envenenada; no lugar do encontro entre pessoas, as vitrines; no lugar da beleza, a contrafação química ou cirúrgica). Converte-se no pior anestésico, pois a compra inútil aplaca a tensão mas repõe e aprofunda a espiral.

Se esfumaça também a democracia, realizando as piores e mais cínicas antecipações dos liberais, para os quais ela se reduz a um mercado eleitoral, onde se vendem produtos votáveis. Entre uma e outra eleição, segue a gestão dos grandes interesses monopolizadores. As aspirações de transformação social parecem ajustar-se ao cenário conformista, atuando nas brechas de pequenos possíveis.

Consumismo, individualismo, imediatismo, exibicionismo parecem ser as molas mestras de um enorme apassivamento social, banhado em satisfação compradora. A humanidade se dilui no shopping. A dominação parece perfeita. O capital parece ter obturado os poros da história, vedando-a para outros futuros. Os mais altos valores, se não estão à venda, ficaram fora de moda.
 Dessa desolação se descortina a segunda vertente, a que procura pescar dos elementos objetivos e subjetivos apresentados acima o que é contradição, movimento, processo e, portanto, possibilidade. O rebaixamento das expectativas sociais ocorreu no compasso da mais impactante socialização do processo produtivo já ocorrida na história, onde o menor objeto disposto na prateleira do shopping solicitou trabalho de milhares de seres sociais, dispersos no planeta mas integrados sob a coordenação milimétrica, difusa porém tirânica, de proprietários de enormes capitais, que em proporção gigantesca precisam valorizá-lo.

Valores solidários e reivindicações igualitárias e não desapareceram, ao contrário: estão contidos por massas crescentes de valor precisando valorizar-se. As aspirações emancipatórias perduram. Para que continue agindo a contenção anestésica e aparente do consumismo, submerso até o pescoço em sofrimento e dívidas, tal como um dique prestes a ruir, é preciso abrir vias de escape. Responsabilidades sociais empresariais, empreendedorismos, terceiras vias, capitalismo verde, rehumanizações impossíveis do capitalismo são requentadas às pressas, de maneira a tentar converter a energia transbordante de humanidade que quer mais e além do shopping, mais e além do planeta devastado e da vida sem sentido. Constituem-se novas modalidades de empurrar para a frente a valorização, aprofundando as dívidas, procurando converter inquietações em adequação passiva. O termo conversão é importante: é porque existem lutas a irromper com teores para além do capital, que as diferentes burguesias precisam convertê-las em filetes contidos, redirecionados para encher ainda mais a escandalosa represa do capital a valorizar-se.

Por essa mesma razão, não hesitam sequer a utilizar as expressões das lutas populares (a solidariedade, a participação, a igualdade), cuidadosamente esvaziadas do conteúdo original, a substituir por mercantil-filantropia e por pobretologias que ocultam cuidadosamente as formas de produção da pobreza e da desigualdade. Para essa operação, contaram com uma esquerda que, formada na luta de classes e ágil na retórica, abandonou seu campo original e se oferece como a melhor qualificada para essa conversão.

Os valores não desapareceram sob os grotões ou nas grandes cidades. É por existirem que a conversão é necessária. No entanto, esse é um jogo perigoso. O reservatório transbordante de capitais e de energias reconvertidas não pode assegurar essa forma de política hoje hegemônica. A crise ronda. Pode retomar formas truculentas, como a ascensão de uma velha direita na Europa; pode se defrontar com o recrudescimento das verdadeiras lutas de classes, agora dispostas a destruir esse dique.

*é historiadora e professora da pós-graduação de História da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio-Fiocruz

24 maio, 2012

Zezuca recebe título doutor honoris causa


Da UFT

Gratidão! Foi como o professor Zezuca Pereira resumiu o que sentiu durante solenidade, na sexta-feira (18), em que foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa, concedido pela Universidade Federal do Tocantins. Ao evento compareceram professores, estudantes e técnicos administrativos da UFT, além de familiares e amigos de Pereira. Este foi o sexto título Honoris Causa concedido pela UFT. O evento ocorreu no Centro Universitário de Ciência, Cultura e Arte (Cuica) no Câmpus da UFT em Palmas.
Durante sua fala, após receber das mãos do reitor Alan Barbiero a medalha com o título de honra, Pereira destacou que sente-se realizado. "Tenho a convicção de que valeu a pena. Foi preciso renunciar a várias coisas para me dedicar ao ensino, pesquisa e extensão e também à gestão universitária", contou. Ele acrescenta: "sou um produto de escola pública; tenho conseguido aprender e conviver em harmonia com pessoas interessantes. Sou muito feliz por isso!", resume.

O reitor da UFT, durante seu discurso no evento, destacou a trajetória de Zezuca Pereira, pontuando suas principais características profissionais ao longo de sua vida. Para Barbiero, Pereira representa dois movimentos importantes no Tocantins. "O primeiro diz respeito à própria emancipação do Tocantins como Estado. Ele representa bem os que moravam nesta região e lutaram pela emancipação do Tocantins; o segundo movimento é o da própria criação da Universidade Federal do Tocantins, pois Zezuca Pereira foi um dos primeiros a levantar a bandeira da necessidade da universidade federal no Estado", pontua o reitor.
Além do reitor e de Pereira, a mesa oficial da solenidade foi composta pelos professores Alfredo Pena-Vega (Universidade de Nantes / França); Elimar  Pinheiro do Nascimento (UnB); Fernando Santos (UnB e ex-reitor da Universidade de Coimbra / Portugal) e a professora Kátia Maia Flores, atualmente presidente da Fundação Cultural de Palmas.
A solenidade contou com a presença de todos os integrantes dos Conselhos Superiores da UFT (Conselho Universitário - Consuni; e Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão - Consepe) e da banda portuense Mestre André, que tocou durante todo o evento. Além da banda, ocorreram homenagens tanto de estudantes quanto de professores.
Livro - Ainda durante a solenidade foi realizado o lançamento do livro "As novas dimensões da Universidade - Interdisciplinaridade, sustentabilidade e inserção social", organizado pelos professores Elimar Pinheiro e Alfredo Pena-Vega. Pinheiro, durante a apresentação da obra, destacou que o livro trata da uma avaliação de cunho internacional realizada na UFT, abordando as três dimensões que titulam o trabalho. Ele destacou as boas surpresas que teve na realização da avaliação. "Foi muito bom notar que as metas planejadas para quatro anos, na UFT, eram alcançadas ao cabo de dois ou três anos, muito antes do que era previsto", pontuou o professor.



27 abril, 2012

A reboque do capital e do Estado

Por Valéria Nader e Gabriel Brito,
do Correio da Cidadania

Em uma análise do atual contexto político, Gilmar Mauro, dirigente do MST, afirma ao Correio que o momento é parte das tradicionais ofensivas capitalistas, que visam avançar sobre novas fronteiras econômicas e suas férteis terras - ao mesmo tempo em que a esquerda se encontra em grande refluxo, de modo “que apenas age reativamente, corre atrás do prejuízo após a direita tomar iniciativas políticas, em geral, perdendo”.

A condução da política econômica focada nos interesses do ‘agrobusiness’ exportador, altamente desestimulante para os investimentos produtivos e industriais (estão aí os dados de nossa ‘desindustrialização para comprovar), corre ao lado de uma reforma agrária a cada dia mais excluída da pauta política. Gilmar Mauro refuta, no entanto, as críticas que sugerem passividade do movimento em relação ao governo petista, lembrando que o MST está “no mesmo patamar de mobilização da época de FHC, com 80, 90 mil famílias acampadas pelo país”.

Realista, ele ressalta a importância da atual jornada de luta camponesa, incluindo as de outros movimentos, mas prefere não alimentar ilusões de grandes mudanças e conquistas populares para o ano. De todo modo, afirma que há muito tempo o movimento camponês não convergia em torno de pautas e cobranças políticas similares.

Como exemplo do atual momento crítico que vivemos, cita a determinação de Dilma Rousseff de não permitir desapropriações que custem mais de 100 mil reais por família. “Ou derrotamos e destruímos essa proposta da Dilma, ou não tem mais assentamento no centro-sul do país”. Com esse novo e desconhecido golpe que se pretende aplicar à reforma agrária – em um país que gasta 48% de seu orçamento com juros da dívida e 0,22% com reforma agrária -, fica notório que a troca de ministro do Desenvolvimento Agrário tende a ter valor prático nulo, como lembra Gilmar Mauro.

CLIQUE AQUI E CONFIRA A ENTREVISTA.

MST: erradicação do analfabetismo

Por Guilherme Almeida
Da Página do MST


Está em curso em Fortaleza (CE) a aplicação do método cubano de alfabetização “Sim, Eu Posso” (Yo si puedo). A ação é uma parceria do governo municipal com o setor de educação do MST, como parte do Programa Fortaleza Alfabetizada, e deve formar 1.888 turmas de jovens e adultos.

O projeto visa a alfabetização e o acompanhamento na continuidade da formação do maior número de pessoas possível. Segundo Ana Edite, da prefeitura de Fortaleza e da coordenação geral do programa, a meta é tornar a região um território livre do analfabetismo. Para isso o índice de analfabetos deve ser inferior a 4%, mesma porcentagem usada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) para declarar um país livre do analfabetismo.

O sistema usado nessa empreitada foi desenvolvido por uma equipe coordenada pela pedagoga cubana Inés Relys Diaz e pelo instituto Pedagógico Latino Américo e Caribenho (IPLAC), entre 1997 e 1998. Trata-se de uma série de vídeo-aula, no formato de telenovela, que totalizam 32,5 horas de gravação. 

Televisores e aparelhos de DVD são ferramentas indispensáveis na aplicação do programa. O uso das “telenovelas” em diferentes países demanda de uma adaptação cultural, mas isso não interfere na eficácia do curso.

A partir da diretriz dos vídeos, cria-se uma associação entre números e letras mais usadas, que introduzem o aluno no mundo da leitura. Tanto as vídeos-aulas quanto a ligação entre números e letras são adaptadas nos diferentes idiomas para os quais o Sim, Eu Posso foi traduzido.

Participação do MST
“A gente faz parte de um coletivo que acompanha essa ação aqui em Fortaleza. Principalmente a Brigada sem Fronteiras, composta por militantes do MST, que atua juntamente com a secretaria de educação do município nessa coordenação do projeto Fortaleza Alfabetizada com o método cubano do Sim, Eu Posso”, explica Maria de Jesus, coordenadora do setor de educação do MST. A própria tradução do Yo si puedo para o português e para realidade brasileira foi uma realização do MST em parceira com Cuba.

A prefeitura já tinha boa relação com o movimento na parte da educação, e como a utilização do método cubano se mostrou eficaz em outras regiões por meio da experiência de cinco anos do MST, a parceria surgiu como alternativa de sair dos entraves que o sistema vigente de educação não consegue superar.

Um exemplo disso é o número de escolas e suas localizações geográficas, que nem sempre satisfazem a necessidade de áreas periféricas. Uma saída para esse empecilho é a utilização de espaços alternativos para as aulas, tais como associações de moradores, igrejas e outros espaços públicos ou privados que possam receber os novos estudantes.

No entanto, a distribuição dos materiais audiovisuais comprados pelo município é muito mais lenta quando o destinatário não é um prédio público. Isso atrasou o início do curso nos espaços alternativos.
Consolidação

Terminadas as 65 vídeos-aulas de alfabetização, são organizados os ciclos de cultura, que servem para caminhar no sentido da compreensão de palavras e textos. Esse é um sistema pensado pelo educador brasileiro Paulo Freire. Segundo Maria Cristina, “isso serve para dar continuidade no processo de alfabetização”. Ao todo, o processo em Fortaleza deve levar oito meses.

Ana Edite enxerga a problemática do analfabetismo enquanto um indicador e uma ferramenta de exclusão econômica.

No mesmo sentido segue Maria de Jesus, ao acreditar que o analfabetismo é uma questão de classe social. “Analfabetos no Brasil são os pobres, os negros, a classe trabalhadora...”.
Segundo Maria, a perpetuação dessa marca de opressão se propaga com uma intenção das classes dominantes, já que a falta de instrução se relaciona com a conformação do trabalhador, que não tem alternativas de melhoria de vida ou “visão de transformação social”, completa.

21 abril, 2012

400 camponeses, indígenas e quilombolas fecham BR-153

Por Comissão Pastoral da Terra

Cerca de 400 camponeses, indígenas e quilombolas, bloquearam, na manhã de quinta feira, 19, a BR-153, mais conhecida como Belém Brasília, na cidade de Colinas do Tocantins, distante 286 km da Capital, Palmas. A decisão do bloqueio foi tomada pelos povos e comunidades presentes durante a realização do III Encontro de Formação de Camponeses, Indígenas e quilombolas, que aconteceu no acampamento Vitória no município de Palmeirante – TO, nos dias 16 e 17 de abril.

Decisão esta assumida pelos povos indígenas, quilombolas e comunidades camponesas diante da realidade, nada animadora, que se expressa na conjuntura atual. Indignados pelo descaso e omissão do Estado, solicitam a presença do INCRA, MPF, FUNAI, OUVIDORIA AGRÁRIA NACIONAL e representante do Programa Terra Legal.

Durante a realização do Encontro todas as comunidades e povos presentes puderam relatar seus problemas e dificuldades encontrados em virtude da expansão do agronegócio.

As lideranças dos povos Krahô, Apinajé, Xerente e Javaé relataram o descaso do Estado com os povos indígenas do Tocantins, problemas com estradas, saúde e educação, como também mostraram sua indignação com as Propostas de Emenda à Constituição, PEC 038 e 215, que propõem tirar a competência do poder Executivo de demarcar as terras indígenas, transferindo esse poder ao Congresso Nacional.

Os quilombolas da comunidade Grotão, município de Filadélfia-TO, expuseram seus problemas, que vão desde ameaças de morte, até a falta da demarcação e titulação de seu território.

Os grupos de acampados, ocupantes e posseiros estão preocupados com as várias ameaças que estão sofrendo e com a impunidade do Fazendeiro Paulo de Freitas que é o principal suspeito de ter assassinado o trabalhador rural Gabriel Filho no ano de 2010 no acampamento Bom Jesus e que até hoje continua foragido. Preocupados também com a inoperância do Incra em desapropriar os latifúndios, e em regularizar as terras públicas da União em nome dos posseiros. Exigem também que os deputados e senadores do Tocantins votem pela aprovação da PEC 438, que estabelece o confisco das áreas onde forem encontrados trabalhadores/as em situação análoga à de escravo, que provavelmente pode ir para votação no dia 09 de maio desse ano.

Analisando toda essa situação, os participantes avaliaram que é urgente e necessária uma ampla articulação de resistência entre camponeses, povos indígenas e quilombolas através de uma aliança comprometida com a luta em defesa e pelo reconhecimento dos territórios das comunidades indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais, que não se reduz à visão uniforme de reforma agrária imposta pelo Estado.

É preciso continuar apostando na reforma agrária que é a luta contra o latifúndio e o agronegócio, no intuito de exigir a democratização do acesso à terra, acesso diferenciado de acordo com a realidade, os limites e potencialidades de cada bioma e de cada região. É preciso apoiar a luta pela terra e territórios e por uma reforma agrária, ressignificada com base na desconcentração da propriedade da terra, reconhecimento e titulação dos territórios tradicionais e indígenas, com produção agroecológica buscando a soberania alimentar.

Nesse sentido é preciso rechaçar a falsa política adotada pelo governo brasileiro que aposta em um modelo capitalista com base em uma visão de progresso ilimitado que é excludente.

Nesse contexto, o CIMI (Conselho Indigenista Missionário, Goiás e Tocantins) e a CPT (Comissão Pastoral da Terra Araguaia/Tocantins), vêm nesse momento se colocar solidários à luta desses povos e comunidades e traz presente trecho da carta do encontro das Pastorais Sociais do Campo, realizado em Brasília no dia 05 de fevereiro desse ano, que diz o seguinte:

“Esta é a hora, agora mais do que nunca, de tecer, com os fios da história, uma só rede de solidariedade, resistência, teimosia e reação. Com a força dos pequenos, do campo e das cidades, nas ruas e nas praças, de noite e de dia. O sangue derramado pelos nossos irmãos e irmãs de luta, não foi e nem será em vão.
Este é para nós o Evangelho do Ressuscitado e esta é a mística que nos faz acreditar na vitória de nossa pequena “pedra” (cfr. Daniel 2, 26-35) chamada esperança, que nasce e renasce da terra e que lançaremos, cotidianamente, contra o gigante dos pés de barro e em favor dos nossos irmãos. Esta pedra de nossa esperança é eficaz quando, com nossos compromissos unitários, reconhecemos e aceitamos a riqueza e a diversidade que o espírito de Javé faz surgir entre os pobres.”

Por fim, o CIMI e a CPT no apoio à resistência camponesa, indígena e quilombola vêm a público denunciar o Estado como indutor e financiador do modelo de desenvolvimento que privilegia o capital, como um dos principais responsáveis pela violência sofrida por esses povos e comunidades, além da devastação ambiental de forma acelerada. Basta de violência!

TJ derruba liminar de reintegração do acampamento Sebastião Bezerra

Da Página do MST

O Tribunal de Justiça do Tocantins (TJ) aceitou o recurso contra a liminar de reintegração de posse do Acampamento Sebastião Bezerra. Com isso, as famílias continuam nas margens da TO-050 – entre em Palmas e Porto Nacional – aguardando a desapropriação da Fazenda Dom Augusto.

Após uma semana de mobilizações, dirigentes do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), representantes do acampamento, estão reunidos, às 14h, com Ministério Público Federal, Incra, Defensoria Pública do Estado e da União para discutir o processo de desapropriação da fazenda, na sede do MPF, próximo a loja Encanel.

O MST, MAB, acampados e outros movimentos e entidades sociais fizeram uma mobilização na quarta-feira, 18, em frente ao TJ e entregaram o recurso contra a liminar. O desembargador Daniel Negry aceitou o pedido na quinta-feira, derrubando a decisão do juiz Ademar Chúfalo, de Porto Nacional.

O juiz, que pediu a reintegração ainda em 2011, determinava que as famílias deixassem a área em 15 dias. A assessoria jurídica dos movimentos contestou a urgência e destacou que a liminar só foi cumprido três meses após o deferimento. Negry considerou que a reintegração poderia gerar um problema social maior, já que não se sabe para onde as famílias poderiam ir.

Luta
Na terça-feira, os acampados, estudantes, professores e movimentos sociais fecharam a TO-050, por 21 minutos, em memória 21 sem terras mortos no Massacre Eldorado Carajás e protesto contra a reintegração da área. Mais de 1 mil famílias, acampadas a quase um ano na área e já cadastrados pelo Incra, temiam a saída da área e aguardam serem atendidas pelo programa da Reforma Agrária do governo federal. As famílias receberam a reintegração no dia 4, tendo 15 dias para deixar a área.

Histórico
Cerca de 300 famílias do MST e MAB ocuparam a fazenda Dom Augusto, no quilômetro 25 da TO-050, no dia 21 de abril de 2011. O proprietário da fazenda é Alcides Rabeschini, que, conforme denúncias, não tem toda a documentação da área, dos 3 mil hectares da terra, apenas 1.200 seriam titulados. Ele também está na lista suja do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por prática de trabalho escravo, em 2005 100 trabalhadores foram encontrados na propriedade. (Lia Gonçalves)