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23 março, 2009

Cordel de um mundo enguiçado

I
ATENÇÃO! ATENÇÃO!
Mais uma do diário mensar
Mais lido lá no sertão
Onde nóis vive a cantar
Com a viola e o violão
Peço licença pra nóis brincar
É uma grande diversão

II
Peço a musa do improviso
Que me ajude com coração
Porque poeta eu não sou
Vê se não me deixa na mão!
Ando escrevendo uns versinho
Sem nenhuma pretensão

III
Eu vou dizer o que assuncede
No Brasil e no Mundão
Me descurpe a honestidade
Mas como diz o refrão
Cada qual tem sua bunda
O seu time e opinião

IV
Aqui por essas banda
Nóis continua como nóis quer
O Acre é uma beleza
A até a Copa quer
Mas com um IDH desses
Quem será que bem nos quer?

V
Também mexeram com as letra
Marrapaiz que chateação
A língua que se fala
Tá na boca do povão
Acreano agora é com i
Não é Acri que escreve não

VI
E no Congresso Nacional
Ai meu Deus que confusão
O Sarney volta reinando
Com o Temer, seu capachão
Novidade no Congresso?
É coisa que não tem não.

VII
E a menina violentada
Deu até excomunhão
O arcebispo insensível
Alguém pediu sua opinião?
Pra ele aborto é pecado
Estupro é só perdão

VIII
O planeta tá em crise.
No sociar e no naturar
Agora é a economia
Que deu de piorar
O mundo não aprende
Ave cruz! É de chorar

IX
E o "tar" mercado "mundiar"
Oh! bichinho doido de aturar!
Quer os lucro só pra eles
Sem o povo amparar
Agora volta doidinho
Pro Estado acalentar

X
Disseram que o remédio
Era o tar do globo grandão
Hoje nóis fala com a India
Quase que na pensassão
Mas a fome ainda dói
Comé que fica a digestão?

XI
Me disseram um dia desses
Que o tar de Bush é de lascar
Foi embora em janeiro
Pra nunca mais vortar
Mas será que com o Obama
O mundo vai miorar?

XII
O mundo é desiguar
Até o tempo deu de pirar
Enquanto uns de internet
Outros na rabeta a navegar
Até a natureza revortada
Com seus terremoto e enxurrada
Castiga, dói e mata
Quem não tem onde morar

XIII
Peço ao nosso Senhor
Que me ajude na despedida
O mundo carrega muita dor
Que deixa as moça aborrecida
Justamente no seu mês
Viva as mulher aguerrida!

XIV
O meu nome é Felipe
Agora tenho que ir
Sou servidor de profissão
E escrivinhador pra iludir
Me descurpe os poetas do sertão
Minha intenção não foi mentir
Mas mostrar pra minha gente
Que um cordel assim imprudente
É uma delicia de se ouvir

19 de março de 2009
Felipe Cruz Mendonça
Servidor público

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