APREENSÃO
NO CAMPO
DOM TOMÁS
BALDUINO*
23/01/13
23/01/13
Eis o
quadro: o pequeno agricultor Juarez Vieira foi despejado de sua
terra, em 2002, no município tocantinense de Campos Lindos, por 15
policiais em manutenção de posse acionada por Kátia Abreu. Juarez
desfilou, sob a mira dos militares, com sua mulher e seus dez filhos,
em direção à periferia de alguma cidade.O caso acima não é
isolado. O governador Siqueira Campos decretou de “utilidade
pública”, em 1996, uma área de 105 mil hectares em Campos Lindos.
Logo em 1999, uns fazendeiros foram aí contemplados com áreas de
1,2 mil hectares, por R$ 8 o hectare. A lista dos felizardos fora
preparada pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do
Tocantins, presidida por Kátia Abreu (PSD-TO), então deputada
federal pelo ex-PFL.O irmão dela Luiz Alfredo Abreu conseguiu uma
área do mesmo tamanho. Emiliano Botelho, presidente da Companhia de
Promoção Agrícola, ficou com 1,7 mil hectares. Juarez não foi o
único injustiçado. Do outro lado da cerca, ficaram várias famílias
expulsas das terras por elas ocupadas e trabalhadas havia 40 anos.
Uma descarada grilagem! Campos Lindos, antes realmente lindos,
viraram uma triste monocultura de soja, com total destruição do
cerrado para o enriquecimento de uma pequena minoria. No Mapa da
Pobreza e Desigualdade divulgado em 2007, o município apareceu como
o mais pobre do país. Segundo o IBGE, 84% da população viviam na
pobreza, dos quais 62,4% em estado de indigência. Outro irmão da
senadora Kátia Abreu, André Luiz Abreu, teve sua empresa envolvida
na exploração de trabalho escravo. A Superintendência Regional de
Trabalho e Emprego do Tocantins libertou, em áreas de eucaliptais e
carvoarias de propriedade dele, 56 pessoas vivendo em condições
degradantes, no trabalho exaustivo e na servidão por dívida. Com os
povos indígenas do Brasil, Kátia Abreu, senadora pelo Estado do
Tocantins e presidente da Confederação Nacional da Agricultura
(CNA), tem tido uma raivosa e nefasta atuação. Com efeito, ela vem
agindo junto ao governo federal para garantir que as condicionantes
impostas pelo Supremo no julgamento da demarcação da área indígena
Raposa Serra do Sol sejam estendidas, de qualquer forma, aos demais
procedimentos demarcatórios. Com a bancada ruralista, ela pressionou
a Advocacia-Geral da União (AGU), especialmente o ministro Luís
Inácio Adams. Prova disso foi a audiência na AGU, em novembro de
2011, na qual entregou, ao lado do senador Waldemir Moka (PMDB-MS),
documento propondo a criação de norma sobre a demarcação de
terras indígenas em todo o país. O ministro Luís Adams se deixou
levar e assinou a desastrosa portaria nº 303, de 16/7/12. Kátia
Abreu, ao tomar conhecimento desse ato, desabafou exultante: “Com a
nova portaria, o ministro Luís Adams mostrou sensibilidade e elevou
o campo brasileiro a um novo patamar de segurança jurídica”. Até
mesmo com relação à terra de posse imemorial do povo xavante de
Marãiwatsèdè, ao norte do Mato Grosso, que ganhou em todas as
instâncias do Judiciário o reconhecimento de que são terras
indígenas, Kátia Abreu assinou nota, como presidente da CNA,
xingando os índios de “invasores”. Concluindo, as lideranças
camponesas e indígenas estão muito apreensivas com o estranho poder
econômico, político, classista, concentracionista e cruel detido
por essa mulher que, segundo dizem, está para ser ministra de Dilma
Rousseff. E se perguntam: “Não é isso o Poder do Mal?” No
Evangelho, Jesus ensinou aos discípulos a enfrentar o Poder do Mal,
recomendando-lhes: “Esta espécie de Poder só se enfrenta pela
oração e pelo jejum” (Cf. Mt 17,21).
*PAULO
BALDUINO DE SOUSA DÉCIO, o Dom Tomás Balduino, 90, Mestre em Teologia, é Bispo Emérito da Cidade de Goiás e Conselheiro
permanente da Comissão Pastoral da Terra
Comentários:
Nós da Geografia Agrária no Tocantins, Precisamos urgentemente fazer nossa as palavras de Dom Tomás Balduino sobre a atuação e o discurso dessa paladina do capitalismo agrícola a sra. Kátia Abreu e colocarmos vigília embandeiradas, e uma grande pedra nos seus próximos caminhos eleitorais no estado. O povo tocantinense,os trabalhadores do tocantins especialmente os da educação devem denunciar nos quatros cantos do estados suas nefastas ações politicas contra o povo brasileiro. ( LIRA 2013 )
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