Por Célio Pedreira
Sempre que é tempo de caju, de pequi, mangaba, murici, manga (...) da flor de ipê, o cerrado nos desafia com a arte da resistência. Só alguns não se deixam entender pela beleza do calor desses trópicos, onde a vida nunca foi afeita as gravatas e seus melindrosos. O calor aqui é cultural, como as chuvas que o segue, é parte indispensável da paisagem... até chegar o dia que assistimos chuva ao sol e colhemos arco íris. O calor habita nossa história, nossas lendas.
- Estamos construindo a identidade cultural do Tocantins! Qual de nós nunca ouviu esta frase? Como soa medíocre. A última vez que a ouvi foi num encontro de intelectuais na Capital. Conversa fajuta (diziam isso e continuvam espraguejando calor). Percebi que nem se permitiam sentir o calor, quiçá sentir a gente daqui, uma beira de brejo, água escorrendo capilar nas pedras das grotas, ancho corregozinho bordando de verde uma ponta de cerrado. Se ao calor o homem não se entrega, seguramente haverá de padecer sem entender onde está, pouco deve conhecer a geografia oculta do povo que aqui teima há mais de um século. Construir identidade cultural onde a cultura é a própria natureza, parece estúpido. Tudo bem que possam mostrar aqui também suas culturas, suas crenças, seu jeito, que deixem suas marcas... e principalmente que respeitem ou pelo menos aprendam a oração do lugar: Amém, calor!
19 setembro, 2011
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