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27 janeiro, 2010

Polícia prende nove militantes do MST por ação contra Cutrale

Patrícia Benvenuti
do Brasil de Fato

Um cerco policial a acampamentos e assentamentos da reforma agrária na região de Iaras, no interior de São Paulo, resultou, desde a última segunda-feira (25), na prisão de nove integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Os detidos foram para a delegacia seccional de Bauru e devem ser encaminhados a presídios da região. Os oito homens presos podem ser levados para casas prisionais diferentes, e a vereadora de Iaras, Rosimeire Pan D'Arco de Almeida Serpa, a Rose, Partido dos Trabalhadores (PT), que também é assentada no município, conduzida ao presídio feminino de Avaí.

Os mandados de busca, apreensão e prisão resultaram da ocupação promovida pelo MST no ano passado à fazenda Capim, que abrange os municípios de Iaras, Lençóis Paulista e Borebi. Os sem terra denunciavam que a área, cuja posse é da União, vinha sendo utilizada ilegalmente há cinco anos pela Sucocítrico Cutrale para monocultura de laranja.

Interesses

De acordo com relatos, além de prenderem militantes, os policiais cercaram casas e barracos, amedrontando as famílias, e também apreenderam pertences pessoais.

Os soldados também exigiram que os sem terras apresentassem notas fiscais e outros documentos. Na avaliação do integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (Renap), Bruno de Oliveira Pregnolatto, que assessora as famílias, a polícia tenta, com isso, forjar provas contra os agricultores, induzindo que os objetos teriam sido roubados durante a ocupação às terras griladas pela Cutrale, no ano passado. "Eles querem produzir provas que não têm contra as famílias", acusa o advogado.

Para o integrante do MST, Delwek Matheus, o intuito é relacionar as atividades dos militantes do MST com ações criminosas, como roubo. "O objetivo é tentar criminalizar os militantes por meio de acusações de roubo. Querem associar ocupação a roubo".

As prisões revelam, na avaliação de Matheus, também os instrumentos usados pelo agronegócio para manter seu domínio na região. "Nessa disputa pelas terras públicas e pelo latifúndio na região, as empresas recorrem a meios como o Judiciário e a polícia", completa.

Segundo Pregnolatto, o esforço agora se concentra em libertar os sem terras presos. "Vamos para lá [Fórum de Lençóis Paulistas, onde corre a ação] ter acesso aos processos e instrumentalizar os pedidos de habeas corpus no Tribunal de Justiça", afirma.


A seguir, leia a nota do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra de São Paulo (MST-SP)

6 de janeiro de 2010

NOTA DO MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA DE SÃO PAULO (MST-SP)

Na manhã desta terça-feira (26/1) recebemos, com extrema preocupação, a informação de que desde o final da tarde de ontem a polícia está fazendo cercos aos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária na região de Iaras-SP, portando mandados de “busca, apreensão e prisão”, com o intuito de intimidar, reprimir e prender militantes do MST. Neste momento já estão confirmadas as detenções de nove militantes assentados e acampados do MST, que estão na Delegacia de Bauru-SP. No entanto, há a possibilidade de mais prisões e outros tipos de repressão.
Os relatos vindos da região, bastante nervosos e apreensivos, apontam que os policiais além de cercarem casas e barracos, prenderem pessoas e promoverem o terror em algumas comunidades, também têm apreendido pertences pessoais de muitos militantes – exigindo notas fiscais e outros documentos para forjar acusações de roubos e crimes afins. A situação é gravíssima, o cerco às casas continua neste momento (já durando quase um dia inteiro), e as informações que nos chegam é que ele se manterá por mais dias.

Nossos advogados estão tentando, com muita dificuldade, acompanhar a situação e obter informações sobre os processos – pois a polícia não tem assegurado plenamente o direito constitucional às partes da informação sobre os autos e, principalmente, sobre as prisões. No entanto, é urgente que outros apoiadores políticos, organizações de direitos humanos e jornalistas comprometidos com a luta pela Reforma Agrária e com a luta do povo brasileiro divulguem amplamente e acompanhem mais de perto toda a urgente situação. A começar pelas pessoas que vivem na região de Iaras, Bauru e Promissão.
Situações como esta apenas reforçam a urgência da criação de novos mecanismos de mediação prévia antes da concessão de liminares de reintegração de posse, e de mandados de prisão no meio rural brasileiro – conforme previsto no Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3) - com o intuito de diminuir a violência contra trabalhadores rurais.

No caso específico e emergencial de Iaras, tal repressão é o aprofundamento de todo um processo de criminalização e repressão que foi acelerado a partir da repercussão exagerada e dos desdobramentos políticos ocorridos na regional de Iaras (SP) por ocasião da ocupação da Fazenda-Indústria Cutrale, em outubro de 2009. O MST reivindica há anos para a Reforma Agrária aquelas áreas do Complexo Monções, comprovadamente griladas da União por esta poderosa transnacional do agronegócio.

Ao invés de se acelerar o processo de Reforma Agrária e a democratização do uso da terra, sabendo-se que naquela região do estado de São Paulo há milhares de famílias de trabalhadores rurais que precisam de um pedaço de chão para sobreviver e produzir alimentos, o que obtemos como “resposta” é ainda mais arbitrariedade, repressão e violência .

O MST -SP reforça o pedido de solidariedade a todos os lutadores e lutadoras do povo brasileiro comprometidos com a transformação do país numa sociedade mais justa e democrática, e de todos os cidadãos e cidadãs indignadas com a crescente criminalização da população pobre e de nossos movimentos sociais pelo país. Não podemos nos intimidar nem nos calar diante de tamanho absurdo!

Editora dos movimentos sociais lançará O Capital

Livros bons, de boa qualidade e a preços acessíveis. Esse é o objetivo da editora Expressão Popular. Entre os vários acervos de livros sobre política latino-americana, estudos agrários, geografia em movimento, literatura, realidade brasileira, direito, a editora lançará este ano O Capital, obra de fundamental importância para os estudiosos e lutadores pela transformação social. Os interessados em conhecer a editora e adquirir os livros basta acessar o site (www.expressaopopular.com.br).

Editora que representa um conjunto de homens e mulheres das mais diversas faixas etárias, de diferentes profissões, mas cujas trajetórias têm um traço comum: o compromisso com a construção de um novo mundo, a convicção de que um novo mundo é possível e, por fim, a certeza de que essa possibilidade será tanto maior quanto maior for o acesso dos homens e mulheres, sujeitos e protagonistas dessa construção, aos saberes desenvolvidos nesse rumo.

“A pobreza extrema do Haiti é uma construção histórica bi-centenária”

Do Brasil de Fato

Se existe uma análise com a qual todos os meios de comunicação do mundo concordam em relação ao tremor de terra ocorrido no dia 12 no Haiti é a que diz que se o país fosse menos pobre, os efeitos do desastre seriam menores. As causas dessa pobreza, no entanto, muito raramente são explicadas. De acordo com o historiador Mário Maestri, professor do Programa de Pós Graduação em História da Universidade de Passo Fundo (UPF), do Rio Grande do Sul, o subdesenvolvimento haitiano tem suas raízes na extrema dependência em que a nação do Caribe foi permanentemente mantida pelas potências coloniais e imperialistas.



Nesta entrevista ao Brasil de Fato, Maestri analisa as causas estruturais da pobreza e do êxodo rural no Haiti – que, ao gerar moradias precárias nas cidades, também contribuiu para o agravamento das consequências do terremoto –, a responsabilidade da missão de paz da ONU comandada pelo Brasil, o envio de militares pelos EUA e os riscos do processo de reconstrução do país. “A reconstrução pode constituir balão de ensaio para uma gestão não-nacional de territórios por órgãos internacionais, não-estatais etc. As grandes catástrofes são os melhores momentos para o capital realizar reorganizações estruturais de populações e recursos”.


Brasil de Fato – A grande mídia, nacional e internacional, vem insistindo que a extrema
pobreza do Haiti fez agravar as consequências do terremoto. No entanto, a mesma imprensa não diz quais são as causas dessa pobreza. Por que o Haiti é o país de menor IDH do hemisfério ocidental?
Mário Maestri – A pobreza extrema do Haiti é uma construção histórica bi-centenária, produto da incessante intervenção colonialista e imperialista, em boa parte devido precisamente a ter sido o Haiti a primeira e única nação negreira onde os trabalhadores escravizados insurrecionados obtiveram a liberdade, em 1804. Isso após derrotar expedições militares francesas, inglesas e espanholas. Ao se transformar no segundo Estado americano a obter a independência, após os EUA, e o primeiro a abolir a escravidão, o Haiti passou a ser temido, pois poderia servir como exemplo para os cativos americanos. Foi objeto de bloqueio quase total, desde seus primeiros anos, pelas nações metropolitanas e americanas independentes. Já em 1825, foi obrigado a pagar, sob pena de agressão militar, pesadíssima indenização à França. Conheceu nas décadas seguintes intervenções militares dos EUA, que, mesmo após a desocupação, em 1934, transformaram o país em semi-colônia, sobretudo através das sinistras ditaduras dos Duvaliers, Papa-Doc e seu filho [entre 1957 e 1986.

Algumas análises indicam que a grande quantidade de haitianos vivendo em Porto Príncipe, em casas amontoadas nas favelas, foi um dos fatores que determinaram um alto número de vítimas do terremoto. Por que se chegou a essa situação de forte migração do campo para a cidade?
O regime histórico da propriedade da terra no Haiti foi a plantagem escravista. Com a revolução de 1804, houve importante divisão de latifúndios em lotes unifamiliares, que retomaram as tradições camponesas negro-africanas, ensejando independência alimentar. Isto não produzia excedentes mercantilizáveis. As intervenções imperialistas, com a colaboração das frágeis e corruptas elites negras e mulatas, desdobraram-se para metamorfosear a agricultura familiar-camponesa em mercantil. Levantes camponeses foram duramente reprimidos, para reconstituir a grande propriedade. A expropriação da terra e a reversão para produtos comerciais ensejou enorme migração urbana, nascida também da depredação do meio ambiente, com o desmatamento selvagem para a produção de carvão vegetal, com o aumento do seu uso como combustível doméstico, imposto pelo imperialismo. As enormes massas de miseráveis urbanos são vistas como mão-de-obra extremamente barata para as indústrias maquiladoras que se estabeleceram no Haiti. As forças brasileiras e da ONU têm reprimido duramente as manifestações pelo aumento do ínfimo salário mínimo.

Seis anos após o golpe contra Jean-Bertrand Aristide e a chegada da Minustah, a situação não melhorou. Por quê?
A intervenção militar franco-estadunidense orquestrada pelo governo Bush afastou o presidente constitucional Jean-Bertrand Aristide, em 29 de fevereiro de 2004. Ainda que ele tivesse rompido com suas antigas raízes populares e de esquerda, seu governo lutava por autonomia relativa e despertava a mobilização social. O que era inaceitável, em uma região próxima de Cuba e fundamental aos EUA. Devido ao envolvimento no Iraque, Bush 2º convocou o presidente Lula da Silva para capitanear a ocupação militar (e pagar seus custos, é claro), participando da organização de governo títere pró-imperialista. Essa ocupação deveria reorganizar a ilha segundo os interesses políticos do grande capital, sobretudo franco-estadunidense. O governo Lula da Silva aceitou o convite envenenado para fortalecer seu objetivo de ingressar, inferiorizado, sem direito, como membro do Conselho de Segurança Permanente da ONU. Foi também uma concessão à alta oficialidade das Forças Armadas brasileiras, com interesses econômicos, políticos, ideológicos na operação. Nos últimos seis anos, as tropas brasileiras comandaram a repressão, praticamente sem qualquer oposição por parte da imensa maioria dos partidos, sindicatos, organizações etc. ditos populares e de esquerda do Brasil. Deve-se destacar o silêncio do movimento negro organizado, atrelado ao governismo. A prova dos nove dessa intervenção se deu durante e sobretudo após essa terrível catástrofe, com a total ausência de Estado e de instituições haitianas autônomas, que jamais se pretendeu criar. Apenas o presidente [René] Préval funciona como testa de ferro do despudorado intervencionismo internacional em nome da solidariedade que acaba de se concluir com a ocupação militar dos EUA no país, que ignorou olimpicamente a ONU e o seu preposto brasileiro, que já não sabe mais onde se meter. Hillary [Clinton, secretária de Estado dos EUA] acaba de propor que o parlamento e o presidente dêem carta branca aos Estados Unidos nas operações!


Fala-se em "desconcentrar" a capital, oseja, incentivar a volta da população para seus povoados de origem, de onde saíram devido à falta de oportunidades. O senhor acha isso uma boa ideia no momento? O que isso pode trazer como consequência a médio e longo prazo?
A operação humanitária tem se dado no contexto de enorme desprezo imperialista, prenhe de racismo implícito. Realidade que se registra na proposta de enviar parte da população urbana ao campo sem qualquer consulta à mesma! Deve-se destacar o claro corte polpotiano da proposta e que parte dessa população não tem mais raízes agrárias. Não podemos esquecer, também, que o campo não apresenta condições para incorporar os que aceitem a solução – acesso à terra, recursos contra a erosão, combate à falta de água, financiamento, ajuda durante os primeiros tempos, preços mínimos para a produção etc. Após a terrível passagem do furacão Jeanne [em 2008], a única contribuição real da chamada comunidade internacional foi a reorganização da política para reprimir os seguidores de Aristide.


Qual sua avaliação sobre a atuação que a comunidade internacional vem tendo em relação ao terremoto no Haiti, como por exemplo o anúncio da liberação de centenas de milhões de dólares?
O que vemos, até agora, passada uma semana do desastre, é uma desassistência indiscutivelmente responsável por dezenas de milhares de mortos. Dizer que não era possível chegar aos necessitados por razões logísticas é piada. Se fosse insurreição popular desarmada, em dois dias haveria um soltado imperialista em cada esquina! No frigir dos ovos, muito se falou e pouco se fez. Até porque o objetivo era esse. Para além dos bem intencionados, há uma enorme indústria internacional, ligada ao imperialismo, formada por milhares de pequenas, médias e grandes ONGs especializadas na assistência às catástrofes que necessitam e se locupletam com tais sucessos, para financiar seus enormes aparatos administrativos que mitigam o desemprego do Primeiro Mundo. Boa parte dos fundos postos à disposição do Haiti pelos organismos internacionais, como o FMI e o Banco Mundial são empréstimos que deverão ser pagos sempre com o sangue e suor da população.


Ao mesmo tempo, o Haiti possui uma dívida externa de mais de 1 bilhão de dólares. Não é contraditório?
Não, não é contraditório. É necessário, para manter a dependência. Veremos que no final de tudo, essa dívida será ainda maior! Temos que lembrar que a catástrofe haitiana mantinha-se nos últimos anos, com parte da população do país comendo literalmente bolos de terra, sem que nada fosse realmente feito, a não ser controlar militarmente o país e reprimir a organização e a mobilização popular. Víamos sempre belos soldados, belos tanques, belos fuzis, funcionários bem falantes e uma enorme miséria popular.


Há algumas críticas (inclusive de Brasil e França) em relação a um suposto controle excessivo dos EUA sobre a ajuda humanitária. Os trabalhos de resgate estão sendo organizados pelo Pentágono e pela USAID. Inclusive, alguns denunciam que, no aeroporto de Porto Príncipe, controlado pelos EUA, os estadunidenses estariam priorizando o pouso de aviões de seu país,
alguns deles vindo com militares. Além disso, Obama prometeu enviar 10 mil marines ao Haiti, o que causou preocupação sobre uma eventual ocupação militar. O que o senhor pensa sobre tudo isso?
Aristide, deposto em 1991 pelo governo estadunidense republicano [de George Bush pai], voltou ao governo, em 1994, devido à intervenção patrocinada pelos democratas, de novo no governo [Bill Clinton]. A intervenção no Haiti, em 2004 foi novamente ação republicana de um país sob a presidência de Bush 2º, que contou com a oposição dos democratas, sobretudo da burguesia e da intelectualidade negra desse partido. Atualmente, no governo dos EUA se encontra um democrata negro. Se associamos isso à tradição imperialista, compreenderemos o enorme ativismo estadunidense com viés militarista. Cuba manda médicos. Os EUA, porta-aviões e marines de fuzis! Não é certo ainda o que os democratas e Obama pretendem para o Haiti. Talvez sequer eles saibam precisamente o que fazer com o sofrido país, devido ao caráter inesperado da crise. Há, porém, elementos claros. A ocupação militar do país, com tropas infinitamente maiores às da ONU, deixam claro que, nessa região, é o imperialismo estadunidense que manda. Um movimento que se associa ao retorno dos EUA à América Central e do Sul, expresso no golpe de Estado em Honduras, nas bases militares na Colômbia etc. O governo Obama teme igualmente uma imigração maciça clandestina de haitianos para os EUA. Vai ficar muito feio prender em campos de concentração uma população negra! É melhor no próprio país dela, mesmo morrendo de fome! Hoje, na região, o grande problema é a Venezuela. Certamente teremos novas bases militares dos EUA no Haiti, região estratégica, e muito barata!


Já se começa a ouvir algumas vozes falando em reconstrução do Haiti. Quais os riscos que trazem as reconstruções depois de tragédias naturais e o que o senhor acha que pode ocorrer no Haiti?
A grande imprensa do Brasil, com destaque para a Globo, retoma a proposta internacional de tratar o Haiti como Estado falido. Ou seja, nação incapaz de se organizar e reger por si só, tendo que ser monitorada, para seu bem. Como está ocorrendo agora! Uma volta aos tempos dos protetorados. A reconstrução pode constituir balão de ensaio para uma gestão não-nacional de territórios por órgãos internacionais, não-estatais etc. As grandes catástrofes são os melhores momentos para o capital realizar reorganizações estruturais de populações e recursos. Nuvens terríveis cobrem os horizontes do povo haitiano. Os trabalhadores e todos os homens e mulheres de bem do país devem se mobilizar contra isso. A primeira exigência deve ser a imediata saída das tropas de ocupação brasileiras do Haiti, substituídas por médicos, enfermeiros, engenheiros, agrônomos. Temos que ajudar a plantar a vida, não a morte, nesse país glorioso. Se o Nelson Jobim quiser voltar fantasiado ao país sofrido, que seja de médico!

14 janeiro, 2010

Softwares livres podem ampliar o uso de computadores por deficientes

Da Agência Informação Social

A existência de um número cada vez maior de softwares (programas de computador) livres voltados para a acessibilidade de pessoas com necessidades especiais pode ampliar o uso de computadores por esse segmento. É o que afirma o pedagogo da Universidade Federal do Tocantins - UFT e especialista em educação inclusiva, Manoel Mendes Amorim, em seu artigo científico Acessibilidade, softwares livres e inclusão digital de pessoas com necessidades especiais.

Segundo Amorim, tecnologias como a internet reduzem a distância e o tempo entre pessoas e possibilitam maior rapidez quanto ao processamento e acesso às informações. No entanto, elas não estariam disponíveis de forma ampla por motivos como o analfabetismo, o desemprego, a pobreza e a segregação étnica de grupos considerados minoritários ainda não terem sido superados. Diante dessa realidade, o pesquisador considera que os softwares livres, por serem gratuitos, em sua maioria, e poderem ser modificados e adequados pelos usuários do sistema de acordo com suas necessidades, seriam o caminho mais adequado para o acesso das pessoas com necessidades especiais aos computadores e deveriam ser adotados com mais vigor nas escolas, universidades e serviços públicos.

Softwares inclusivos
Alguns exemplos de softwares livres apontados pelo pedagogo são o Projeto Adriane, que é um sistema operacional com síntese de voz destinado a pessoas cegas. Segundo Amorim, esse software seria um dos mais adequados a esse público devido ao seu ambiente de tarefas ser em modo texto e não se focar na intuição visual gráfica. Por ser voltado aos deficientes visuais, o Adriane dispensaria “até mesmo o uso de monitor ou qualquer outra saída visual”. O Adriane foi desenvolvido pelo alemão Klaus Knopper em homenagem à sua esposa, que é deficiente visual e colaborou na implantação do projeto, além de ter emprestado seu nome ao software.

Outro programa destacado por Amorim como um dos mais inclusivos é o sistema operacional Ubuntu Linux, que traria uma série de ferramentas ou tecnologias assistivas “voltadas para pessoas com necessidades especias, principalmente para pessoas cegas ou que tenham baixa visão”. Um de seus pontos fortes é que o Ubuntu usaria o ampliador e leitor de telas Orca, que possibilitaria que o deficiente visual navegue na internet, trabalhe com textos, ouça música e realize outra atividades, como utilizar mensageiros instantâneos. Outro fator importante é que o Ubuntu estaria traduzido para quase todos os idiomas, além de que a cada seis meses passaria por atualizações.

Já para as pessoas impossibilitadas de utilizarem os membros superiores, estaria disponível o Projeto Eviacam, a fim de que o usuário consiga operar o computador apenas com o uso da face ou movimentos da cabeça. Esses movimentos faciais simulariam os controles realizados pelo mouse. E no caso das pessoas que não conseguem falar, existe o software Kmouth, que permitiria que o computador fale por elas a partir de textos digitados pelo usuário.

O geográfo Aziz Ab´Saber fala sobre a Amazônia

Da revista Carta Capital


Um dos maiores pesquisadores brasileiros, aos 85 anos o geógrafo Aziz Ab’Saber acha que falta dedicação do País para lidar com a Amazônia, ponto central de suas preocupações. Segundo Ab’Saber, mais do que soluções isoladas, é preciso pensar na região em termos interdisciplinares, sua grande bandeira na carreira de meio século como professor na USP, hoje aposentado. Integrante do grupo de intelectuais que apoiou Lula em 2002, o geó-grafo acabou por se afastar do governo diante de divergências, sobretudo quanto ao tratamento dos temas ambientais.

CartaCapital: Em sua opinião, o que poderia ser feito, em termos governamentais, na área de ciência e tecnologia?
Aziz Ab’Saber:
Quando se fala em ciência e tecnologia, às vezes a pessoa fica pensando em pesquisa nuclear, foguetes... Não. O que me preocupa é a degradação, é como revitalizar os solos das regiões que foram muito devastadas na Amazônia para poder ter uma agricultura economicamente sustentável – não gosto desse termo, mas neste caso é bem isso que preciso dizer. É um fato indispensável, porque as áreas devastadas são muito grandes e muito contínuas, ao longo de estradas, ramais, sub-ramais e espinguelas de peixe, como são chamadas popularmente na região. Falando sobre isso com pessoas que conhecem a agricultura tropical em áreas florestadas, a gente chegou à conclusão que tem de ter dois pontos de partida para as áreas derruídas. Primeiro, a borda da floresta. A partir dela, pode-se ir plantando espécies vegetais que tenham algum valor econômico e nutritivo: açaí, pupunha... E quando isso começar a florescer, ir mais para dentro da área degradada e plantar mandioca, por exemplo. Existe ainda a possibilidade de uma tecnologia especial no sentido de abranger áreas maiores do que apenas a borda da floresta. Essas áreas maiores é que darão força aos fazendeiros, aos agricultores tradicionais da região e outros que venham de fora, por que não? Senão eles continuam cortando por cortar. O problema da Amazônia hoje tem de ser percebido no sentido neocapitalista do mundo e do Brasil. Todo espaço virou mercadoria, diziam os jovens geógrafos de São Paulo há muitos anos. E eles têm mais do que razão.



CC: Como cientista, que conselho daria para quem assumir o governo em 2011?
AA:
Que no tratamento da Amazônia, em vez de ficar fazendo reunião aqui e acolá, e sendo fotografado na margem de um rio ou no centro de uma cidade, poderia pensar nos projetos que realmente pudessem servir à região e, ao mesmo tempo, deter a devastação florestal. Atualmente, com as imagens de satélite e do Google Earth que permitem que se vejam as cidadezinhas, os agrupamentos no Alto Solimões, na fronteira com a Colômbia e Venezuela, é possível perceber o que está acontecendo e agir para barrar os acontecimentos mais graves do desmatamento.



CC: Existe alguma maneira de atrair mais jovens para a pesquisa científica?
AA:
Sim, se o governo puder convocar a universidade, dizendo: eu quero a presença de vocês como pesquisadores e como planejadores. E forçar as universidades a terem encontros de planejamento interdisciplinares. Ou seja, o currículo da área de planejamento teria de ter a presença de geógrafos, geólogos, agrônomos, sociólogos, sanitaristas, médicos. Sete ou oito disciplinas diferentes para que houvesse uma diluição dos fatos que dizem respeito ao entendimento básico dos assuntos a ser discutidos. Cada projeto tem de ter estudos básicos feitos por uma equipe, não por uma pessoa somente. Minha tarefa é indicar isso, com a idade que estou. Ainda não desisti de que as universidades sérias tenham cursos de planejamento, baseados em equipes interdisciplinares e com foco no entendimento da realidade física, ecológica, social e política de cada área. Nesse sentido, tenho feito um trabalho sobre a divisão da Amazônia a favor de planejamentos sub-regionais, onde usei muito o conhecimento de viagens. Se o governo quisesse influenciar os jovens, poderia organizar excursões de diversas universidades sérias, levando sempre essa equipe interdisciplinar para fazer algumas observações em relação a diferentes setores, naquela ideia básica de estudar o nacional, o regional e o setorial: o que está havendo em relação à educação, à saúde pública – coisa seriíssima nessa região –, as condições sanitárias, a possibilidade de transporte de produtos etc. Depois, esses grupos se reuniriam em Brasília para discutir o que viram, quais os problemas mais comuns e quais as possibilidades de indicar projetos simples e diretos para atender a questões que às vezes não são tão graves quanto a gente pensa, mas que são gravíssimas porque não há governo no Brasil.



CC: Era mais fácil ser pesquisador na sua época ou agora?
AA:
Na minha época era extremamente difícil. Minha mulher outro dia me criticou: “Você foi um bobalhão, andou por cima de caminhões, de sacos de arroz e sal para ir até Aragarças, no sudoeste de Goiás, quase sem dinheiro, e fez assim a vida inteira, usando seus próprios recursos ou aproveitando alguma viagem para algum lugar aonde ia dar palestra. Isso foi um erro na sua vida porque poderia ter feito muito mais se tivesse recursos”. E ela tem toda razão. Ela me critica também por não ter tido oportunidade de conhecer outras áreas do mundo: África do Sul, Saara, Austrália, Finlândia, Japão... É obrigação dos governantes darem possibilidades de viagens para quem trabalha e produz. Os governantes são tão... Não vou dizer palavrão, mas nem para (a cúpula do clima de) Copenhague eles levam os melhores, só aqueles que estão mais próximos do eleitoreirismo. Ninguém nunca me perguntou se eu poderia ir a Copenhague. Claro que aos 85 não posso, mas um dia desses a OAB de Brasília pediu que eu fosse a Manaus para discutir a Amazônia e tive uma participação da qual me orgulho muito.



CC: Também em termos de salários, deve ser revisto o que se paga ao pesquisador?
AA:
Não, tem de se rever a partir do professor e fazer exigências maiores em relação à cultura dele, desde o primário. A educação tem de ser pensada de uma maneira geral. Até os 5 anos e meio, 6, é um quinto de educação que dá destreza mental para a criança. Quando ela vai para o fundamental, depois do pré é muito importante, porém reduzido, tem de estar preparada. E mais tarde vem a universidade, que tem outros padrões de conhecimento e que, sem pesquisas acrescentadas aos estudos que recuperam todos os conhecimentos acumulados, não vale coisa nenhuma. Mas a universidade é pensada como sendo apenas um projeto de se tirar uma assinatura. Nesse campo o governo é zero e os educadores que ficam em torno dele não são tão bons quanto deveriam ser.

V Simpósio Brasileiro de Educação em Solos

Estão abertas as inscrições para o V Simpósio Brasileiro de Educação em Solos (V SBES), que será realizado de 15 a 17 de abril em Curitiba (PR), no setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Este é um evento promovido pela Sociedade de Ciências do Solo (SBCS) e organizado pelo Departamento de Solo e Engenharia Agrícola, dentro do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Solo e do Projeto de Extensão Universitária Solo na Escola, da UFPR, contando com o apoio de diversas instituições (SBCS Núcleo Paraná, Embrapa Florestas, Prefeitura Municipal de Pinhais, SEED-PR/DEB, SEAB-PR, ABRAPEC e AEAPR-Curitiba) .

O Simpósio tem como objetivo reunir profissionais que trabalham com educação em solos, em diferentes níveis e aspectos (educação básica, educação superior, educação ambiental e extensão rural) e nele será
realizado um programa com 37 atividades, incluindo mini-cursos, oficinas e excursões. Cada participante poderá se inscrever em até três atividades, porém as vagas são limitadas e as inscrições com desconto serão feitas até o dia 31 de janeiro.

Informações: http://www.sbes. ufpr.br/oficinas